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Interior

Após 36 dias, greve é suspensa e fronteira com a Bolívia é reaberta em Corumbá

Mobilização mais longa da história do país vizinho nos últimos anos terminou na noite deste sábado

Gabriela Couto | 27/11/2022 10:19
Posto Esdras da Receita Federal, na linha internacional entre Corumbá e Bolívia reaberto. (Foto: Receita Federal) 
Posto Esdras da Receita Federal, na linha internacional entre Corumbá e Bolívia reaberto. (Foto: Receita Federal)

A fronteira entre Brasil e Bolívia, na linha internacional Corumbá-Puerto Suárez, foi reaberta na noite deste sábado (26), após 36 dias fechada por conta de Paro Cívico, realizado no país vizinho. A mobilização dos bolivianos foi uma das maiores greves dos últimos anos. A população fez vários bloqueios para pedir a realização do Censo Demográfico e Populacional em 2023.

O presidente da Comissão Cívica de Santa Cruz, Rómulo Calvo, anunciou que os trabalhos começarão na próxima semana para revisar o relacionamento de Santa Cruz com o governo boliviano. Apesar de suspender a greve, os manifestantes alegam que vão fazer um intervalo, mas não vão suspender a luta.

No posto Esdras, que realiza o serviço de alfândega da Receita Federal em Corumbá, montes de terra usados no bloqueio do lado boliviano foram retirados com ajuda de maquinário. Caminhoneiros brasileiros que também bloqueavam o acesso, retiraram os pneus que faziam barricadas e desmontaram acampamento onde permaneceram por dez dias.

Conforme o Diário Corumbaense, os primeiros a cruzar a linha internacional foram motocicletas e carros de passeio, logo em seguida, os caminhões, a maioria vazios. Muitos celebraram com gritos a reabertura da fronteira.

O auditor-chefe da Alfândega da Receita Federal de Corumbá, Erivelto Torrico Alencar, informou que, em valor comercial, 90% são exportações brasileiras e 10%, exportações bolivianas.

Com isso, os exportadores brasileiros deixaram de faturar R$ 1.012.500.000 e os exportadores bolivianos R$ 112.500.000, em 25 dias úteis. O órgão irá se reunir representantes do Porto Seco, transportadores, importadores, exportadores e demais envolvidos para buscar alternativas de minimizar o impacto causado após a fronteira ter ficado fechada.

O comércio corumbaense, também calcula um prejuízo de R$ 3 milhões nesses 36 dias de fronteira fechada. Muitos consumidores bolivianos foram impedidos de ir para a Cidade Branca, mesmo que nos últimos dias era permitida passagem de carros de passeio em horários restritos e pessoas a pé.

Paro Cívico – Desde o dia 22 de outubro o Paro Cívico boliviano busca um acordo para garantir o Censo do país antes do ano eleitoral, em 2024. A lei do Censo define norma que estabelece que com base nos resultados do recenseamento se fará a redistribuição de vagas de deputados e senadores para as eleições nacionais em 2025. Além disso, uma nova distribuição econômica será feita para os estados do país vizinho.

"Conseguimos 50% do nosso objetivo. Já com a lei do Censo aprovada na Câmara dos Deputados, agora esperamos a aprovação no Senado e em seguida a publicação por parte do Governo Federal. Essa foi a manifestação mais longa já registrado nos últimos anos aqui na fronteira. Mostra o poder do povo Boliviano. Agora esperamos que tudo volte a normalidade", disse ao Diário Corumbaense, Antônio Mercado, presidente do comitê cívico da província German Busch.

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