Após avanços sobre reforma agrária, sem-terra deixam usina de Bumlai
Trabalhadores rurais passaram o dia no portão da Usina São Fernando e à noite voltaram para o acampamento
Terminou no início da noite de ontem (6) o protesto de trabalhadores rurais do MSTB (Movimento Sem-Terra do Brasil) em frente à Usina São Fernando, no município de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Pelo menos 200 pessoas passaram o dia no portão de acesso à indústria, na MS-379, estrada que liga Dourados a Laguna Carapã.
À beira da falência e com dívida superior a R$ 1,5 bilhão, a usina pertence aos filhos do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e um dos condenados na Operação Lava Jato.
Um dos líderes do MSTB na região disse na manhã de hoje (7) ao Campo Grande News que o protesto foi encerrado após avanço nas negociações em Brasília. O ato em Dourados fez parte do “Carnaval Vermelho”, que ocorreu ontem em 11 estados brasileiros, para pressionar o governo federal a retomar a reforma agrária no país.
“Fechamos um acordo para discutir em Brasília e os trabalhadores, confiantes que houve avanço, decidiram encerrar o protesto e voltar para os barracos”, afirmou o líder do movimento. Segundo ele, o ouvidor agrário Argemiro Hernandes Alves esteve em Dourados para conversar com os sem-terra.
Área ocupada – Pelo menos 300 famílias do MSTB estão acampadas desde outubro do ano passado na fazenda São Marcos, que também pertence à família Bumlai e era usada para plantio de cana.
“Nós apelamos ao Poder Judiciário para que não determine a reintegração dessa área, onde os trabalhadores estão produzindo alimentos”, afirmou o líder do movimento.
Os sem-terra querem a desapropriação da fazenda com base em uma portaria do extinto MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), que destina para a reforma agrária as terras de grandes devedores da União.