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Interior

Sem-terra mantêm protesto e usina de Bumlai vai à Justiça para despejo

Polícia Militar mantém equipes no local para garantir segurança de funcionários após ameaça de que usina seria queimada

Helio de Freitas, de Dourados | 06/03/2017 16:41
Policiais militares conversam com sem-terra em frente à Usina São Fernando (Foto: Osvaldo Duarte)
Policiais militares conversam com sem-terra em frente à Usina São Fernando (Foto: Osvaldo Duarte)

Pelo menos 200 trabalhadores rurais ligados ao MSTB (Movimento dos Sem-Terra do Brasil) continuam acampados no portão da Usina São Fernando, em Dourados, a 233 km de Campo Grande. O protesto começou na manhã desta segunda-feira (6) e não tem previsão de quando será encerrado.

Representantes da usina, que pertence aos filhos do empresário José Carlos Bumlai, já entraram com pedido de liminar na Justiça, para desobstruir o acesso à indústria.

A Polícia Militar mantém equipes no local depois que alguns manifestantes ameaçaram colocar fogo na indústria, localizada na MS-379, que liga Dourados a Laguna Carapã. Apesar da manifestação, todos os funcionários da usina tiveram acesso aos locais de trabalho.

O protesto em Dourados faz parte do “Carnaval Vermelho”, que acontece em 11 estados brasileiros. Organizado pela União Nacional Camponesa, o ato cobra do governo federal a reativação do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e a retomada da reforma agrária no país.

Em Mato Grosso do Sul, conforme o líder do MSTB, Douglas Elias, o protesto cobra também o cumprimento da portaria 04, que determina a desapropriação de fazendas cujos donos tenham dívidas superiores a R$ 50 milhões com a União.

Os trabalhadores rurais querem a destinação da Fazenda São Marcos, vizinha da usina, para a reforma agrária. A fazenda pertence aos filhos de Bumlai e é usada para plantio de cana. A propriedade está ocupada desde o ano passado pelos mesmos trabalhadores sem-terra.

“A família Bumlai, que é dona da Usina São Fernando e da Fazenda São Marcos, deve pelo menos R$ 1,5 bilhão em empréstimos fraudulentos que o senhor José Carlos Bumlai fez e não pagou. Então, essa fazenda tem que ser destinada para a reforma agrária”, afirmou Douglas.

Segundo o líder do MSTB, desde 2010 não ocorrem novos assentamentos em Mato Grosso do Sul. “Queremos o cumprimento da portaria 04, que na verdade virou uma porcaria”, afirmou o líder sem-terra. A fazenda fica na margem da BR-463, na saída de Dourados para Ponta Porã.

Douglas Elias disse nesta tarde ao Campo Grande News que as famílias estão sem alimentos, mas dispostas a continuar em frente à usina até a chegada de representantes do governo federal para uma negociação. “Pedimos que a usina fornecesse marmitex, mas eles se recusaram”.

Assembleia - O juiz da 5ª Vara Cível de Dourados, Jonas Hass Silva Junior, marcou para quinta-feira (9) a assembleia geral de credores da São Fernando para tentar aprovar o plano de recuperação judicial. Caso não aconteça nessa data, a assembleia será adiada para 16 de março.

Essa é a terceira vez que a Justiça marca data para a assembleia, pois nas outras o próprio Tribunal de Justiça de MS suspendeu o ato, a pedido de um dos credores, o BNP Paribas.

Na assembleia, os controladores da São Fernando pretendem aprovar a constituição de uma unidade produtiva isolada (UPI) a ser leiloada judicialmente. Até o momento, apenas gestora americana de fundos Amerra fez uma nova proposta para comprar a Usina São Fernando.

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