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Interior

Câmara cassa sexto vereador envolvido na Operação Atenas

Gean Volpato fez a própria defesa, alegou inocência e disse que nunca fez parte da “irmandade” comandada por Cícero dos Santos

Helio de Freitas, de Dourados | 27/05/2015 14:34
Gean Volpato fez a própria defesa, alegou inocência, mas não conseguiu evitar cassação por quebra de decoro (Foto: Arquivo)
Gean Volpato fez a própria defesa, alegou inocência, mas não conseguiu evitar cassação por quebra de decoro (Foto: Arquivo)

Gean Carlos Volpato (PMDB) é o sexto vereador cassado por envolvimento na Operação Atenas, que no ano passado investigou um esquema de corrupção na Câmara de Naviraí, cidade a 366 km de Campo Grande. Afastado desde novembro de 2014, o peemedebista perdeu o mandato por quebra de decoro em sessão extraordinária realizada ontem à noite.

O esquema envolvia recebimento de diárias fraudulentas da Câmara, cobrança de propina de empresários para aprovação de projetos, licenças e alvarás, extorsão, lavagem de dinheiro e fraude em licitações.

Dos 13 vereadores da cidade (seis dos quais suplentes porque os titulares estão afastados por serem réus na ação penal da Atenas), 12 votaram pela cassação de Gean Volpato. O presidente interino, Benedito Missias, não votou. Volpato fez a própria defesa e alegou inocência.

Na surdina – A sessão para julgamento de Gean Volpato não foi informada para a imprensa com antecedência. O presidente da Comissão Processante que resultou na cassação, Luís Alberto Silva Junior (PT), disse ao Campo Grande News que a estratégia foi adotada para evitar “pressões externas” contra a cassação.

“Finalmente conseguimos concluir esse processo e realizar o julgamento. Mas foi um trabalho exaustivo”, disse o petista. Na segunda-feira, Volpato recorreu à Justiça para tentar adiar o julgamento, mas o juiz Eduardo Lacerda Trevisan negou a liminar.

Volpato deveria ter sido julgado no dia 27 de fevereiro, mas uma liminar concedida pelo próprio juiz Eduardo Trevisan determinou que antes fosse ouvida uma testemunha arrolada pela defesa, o prefeito Léo Matos. Só que o prazo de 90 dias para conclusão dos trabalhos venceu e foi necessária uma nova Comissão Processante.

Antes dele, já tinham sido cassados o ex-presidente da Câmara Cícero dos Santos, o Cicinho, apontado como chefe do esquema de corrupção, Adriano José Silvério, Carlos Alberto Sanches, o Carlão, Valderlei Chagas e Elias Alves.

Mais cinco – Outros cinco dos 13 vereadores eleitos em 2012 estão afastados e respondem a processo de cassação, também por quebra de decoro – Moacir Aparecido de Andrade (PTdoB), Jaime Dutra (PT), José Odair Gallo (PDT), José Roberto Alves (PMDB) e Mário Gomes (PTdoB). O julgamento deve ocorrer nos próximos dias.

Inocente – Gean Carlos Volpato falou durante uma hora e meia, em sua própria defesa. Ele negou fazer parte da Irmandade – como eram chamados os vereadores do grupo liderado por Cícero dos Santos. “Não posso ser associado criminalmente a uma pessoa com a qual eu sempre brigava. Saímos no tapa, e até queixa na delegacia contra ele eu registrei", afirmou, se referindo a Cicinho.

"Estes crime que o relatório [da Comissão Processante] aponta não são meus. Este crime é do Cicinho. Este relatório é vazio, não tem nada, é uma injustiça", afirmou Gean Volpato.

Volpato negou ligação com os R$ 20 mil apreendidos pela Polícia Federal dias antes das eleições do ano passado. O dinheiro foi encontrado com o então assessor da Câmara e um dos réus na ação penal, Thiago Caliza da Rocha, que no momento do flagrante estava na companhia da namorada de Gean. Na sessão de ontem ele disse que não tinha mais envolvimento com a mulher e que o dinheiro não era seu.

Festinha com chantili – Gean também atacou outros vereadores e chegou a apontar alguns que o teriam acompanhado numa “festinha com chantili” em um bordel da cidade. "Meu grande defeito, sou namorador e já cheguei a ter dez namoradas ao mesmo tempo, mas eu sou solteiro", afirmou.

Ele também acusou os atuais vereadores de aumentarem os gastos com diárias – um dos motivos que levaram os acusados da Operação Atenas a serem denunciados pelo Ministério Público.

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