Com paciente no corredor, médicos denunciam falta de vaga em hospital
Denúncia foi feita em carta enviada ao Samu e Corpo de Bombeiros pedindo que só encaminhassem pacientes ao Hospital da Vida se macas do socorro pudessem ficar retidas
O Hospital da Vida, maior unidade a oferecer atendimento de urgência e emergência pelo SUS (Sistema Único de Saúde) na região sul de Mato Grosso do Sul, está mais uma vez superlotado.
Localizado em Dourados, a 233 km de Campo Grande, o hospital voltou neste domingo (10) a ter pacientes espalhados pelos corredores por falta de vaga nos setores de internação. A denúncia sobre a superlotação foi feita pelos próprios médicos de plantão ontem no hospital.
Um ofício assinado por quatro profissionais - entre eles os médicos Fabrício Barros da ala vermelha e Gabriel José Mordies da classificação de riscos – foi enviado ao Corpo de Bombeiros e ao Samu (Serviço Móvel de Urgência) alertando sobre a superlotação.
No documento, endereçado ainda ao Ministério Público, à Secretaria de Saúde do município e à Central de Regulação, os médicos afirmam que não havia vaga em nenhum local, pois todos os leitos e macas estavam ocupados.
“Neste momento o Hospital da Vida não dispõe de nenhum leito, maca ou colchão livres. Estamos com superlotação acima da capacidade máxima, sendo 18 pacientes na área verde, oito pacientes na área vermelha e área amarela desativada para reforma”, alertam os médicos.
Ainda segundo o ofício, as clínicas de internação estavam com quartos e corredores superlotados. “No momento não temos macas e espaço para acomodar os pacientes. Só será possível receber pacientes se as macas puderem ficar retidas”, afirmaram os médicos.
As macas citadas são usadas pelo Samu e Corpo de Bombeiros para transportar os pacientes socorridos ao hospital.
Ao Campo Grande News, o secretário municipal de Saúde Vagner da Silva Costa, disse que a falta de leitos ocorreu na noite de ontem e que a situação já foi resolvida.
Na Câmara - Nesta segunda-feira (11), o presidente da Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde de Dourados), Daniel Rosa, confirmou em reunião com vereadores que a superlotação é causada pela grande demanda de pacientes de outros municípios.
A Funsaud administra o Hospital da Vida e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Dourados tem gestão plena dos recursos do SUS e por isso o município é obrigado a atender pacientes de outras cidades.
Segundo ele, 60% dos pacientes na UTI do Hospital da Vida são de outros, o mesmo ocorrendo com a ala vermelha do hospital, onde 13 dos 20 leitos são ocupados por pessoas de cidades vizinhas. “Além de Dourados, atendemos mais 32 municípios, o que soma quase um milhão de habitantes”, comentou Daniel.
O dirigente apontou um déficit mensal de R$ 1,5 milhão no orçamento da Funsaud e disse que a atual gestão tenta organizar as finanças. “O problema da Fundação não é de hoje. Estamos nos desdobrando para colocar a conta em ordem”.
O presidente da Câmara Alan Guedes (DEM) disse que o município tem arcado com a responsabilidade de todos os municípios da macrorregião de Dourados.
“Vamos sugerir um seminário e buscar soluções para o problema. Se não for possível, vamos liderar um movimento com a Secretária de Saúde e outros órgãos competentes para mudar esta situação”, prometeu.