Comerciantes de distritos querem mudança em projeto de duplicação da 163
Em audiência pública ontem à noite, moradores de distritos pediram para ANTT manter comerciantes nas margens de estrada
Moradores dos distritos de Vila Vargas, Vila São Pedro, Cruzaltina e Vila Sapé, cortados pela rodovia BR-163, querem continuar comercializando produtos artesanais às margens da estrada mesmo depois da duplicação prevista no contrato de concessão assinado com a empresa CCR MS Vias. Presentes na audiência pública realizada ontem à noite em Dourados, a 233 km de Campo Grande, eles pediram que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) altere o projeto inicial para contemplar os comerciantes.
O comércio de beira de estrada é a principal fonte de dinheiro para a maioria dos moradores desses povoados, localizados no trecho da rodovia entre Dourados e Rio Brilhante. A audiência pública foi no auditório da Aced (Associação Comercial e Empresarial de Dourados), com a participação de centenas de pessoas, a maioria dos distritos.
“A audiência pública foi muito positiva e saímos com a certeza que as conversas vão continuar para que o projeto de duplicação seja revisto para permitir que os comerciantes continuem vendendo seus produtos na beira da rodovia”, afirmou ao Campo Grande News o vereador douradense Madson Valente (DEM), que mora em Vila Vargas e representa o distrito na Câmara da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Segundo ele, a maior preocupação é o contorno rodoviário previsto para o trecho que passa por Vila Vargas. “Os moradores apresentaram algumas propostas e uma delas é a de que a CCR MS Vias construa uma estrutura para que eles instalem seu comércio nas margens desse contorno. Outra ideia é desviar apenas um dos sentidos da pista e manter o outro passando pelo distrito”, afirmou.
O vereador disse que outra preocupação é a desapropriação prevista para as outras localidades, onde não haverá desvio da pista. “Eles querem condições para permanecer no mesmo lugar, com toda segurança”.
Madson Valente afirmou que os moradores vão continuar conversando com a ANTT para conseguir garantia de que o projeto será alterado. As adequações devem ocorrer apenas daqui cinco anos. “Nesse período precisamos encontrar alternativas. Outras audiências públicas serão feitas. Estamos confiantes porque a ANTT garantiu que não vai fazer o projeto sem consenso com os moradores”.
Audiência de ontem – Convocada pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a audiência teve participação de representantes da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e da CCR MSVia, empresa privada responsável pela execução da duplicação em Mato Grosso do Sul.
Para o presidente da Aced, Antônio Nogueira, a audiência deve ser encarada como o início dos debates, já que algumas questões ainda ficaram fora da discussão. “Os responsáveis ouviram atentamente às manifestações dos participantes, mas entendemos que este assunto não pode ser dado com encerrado. Ainda restam dúvidas e é preciso esclarecer sobre os impactos que este empreendimento irá causar especialmente na região de Dourados”.