Defesa de fazendeiros presos recorre e diz que índios também atiraram
Os advogados que defendem os cinco fazendeiros acusados de participar do ataque armado contra índios no município de Caarapó recorreram ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo, para tentar tirá-los da prisão. O recurso foi impetrado após o juiz da Vara Federal em Dourados, Moisés Anderson da Costa Rodrigues da Silva, negar o relaxamento da prisão preventiva dos produtores rurais.
Jesus Camacho, Virgílio Mettifogo, Eduardo Yoshio Tomonaga, o “Japonês”, Nelson Buainain Filho, dono da fazenda Yvu, onde ocorreu o confronto, e Dionei Guedin, estão na penitenciária de segurança máxima de Dourados. Os quatro primeiros foram presos pela Polícia Federal na quinta-feira (18) e Guedin se apresentou segunda e também foi levado para o presídio.
O advogado Felipe Casuo Azuma, que defende Camacho, Virgílio e Tomonaga disse hoje (25) ao Campo Grande News que seu pedido de habeas corpus ao TRF é fundamentado no argumento de que a prisão é desnecessária.
“Argumentamos que a prisão foi decretada com base em um pressuposto inexistente, de que os fatos partiram somente dos fazendeiros, quando na verdade os indígenas também atiraram contra os produtores”, afirmou.
A defesa de Buainain é feita por um escritório de Campo Grande, que também já entrou com pedido de habeas corpus no TRF. Guedin tem como defensor o advogado douradense Maurício Rasslan, que até ontem não havia entrado com recurso no tribunal.
Acusações – Os cinco fazendeiros são apontados como responsáveis pelo ataque a tiros que deixou seis índios feridos e um morto, no dia 14 de junho deste ano, no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande.
A prisão preventiva deles foi decretada a pedido do MPF (Ministério Público Federal) e faz parte da força-tarefa “Avá Guarani”, desencadeada para investigar o ataque armado que resultou na morte do agente de saúde indígena Clodioude Aquileu Rodrigues de Souza, 26, alvejado por disparos na barriga e no peito.
“De acordo com as investigações, os fazendeiros teriam envolvimento direto com o ataque e podem incorrer nos crimes de formação de milícia privada, homicídio, lesão corporal, constrangimento ilegal e dano qualificado”, afirma o MPF.
Para o Ministério Público Federal, as prisões visam garantir a ordem pública e objetiva evitar novos casos de violência às comunidades indígenas da região – “que já sofreram novo ataque, em 11 de julho, o qual deixou outros três índios feridos, dois deles, adolescentes”.
O ataque aos índios ocorreu dois dias depois da invasão da fazenda Yvu. Em julho, a Justiça Federal determinou a reintegração de posse da fazenda. A Funai recorreu ao Tribunal Regional Federal, mas o TRF manteve a reintegração. Outras dez propriedades estão ocupadas pelos índios em Caarapó.