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Interior

Dois anos após matar esposa e corretor, policial será julgado em dezembro

Por ciúmes, Lúcio Roberto Queiroz matou a tiros a esposa, Regianni Rodrigues e o corretor Fernando Freitas

Silvia Frias | 22/10/2021 11:44
Policial militar ambiental está no Presídio Militar de Campo Grande desde 2019. (Foto: Reprodução)
Policial militar ambiental está no Presídio Militar de Campo Grande desde 2019. (Foto: Reprodução)

Dois anos depois dos assassinatos de Regianni Rodrigues de Araújo, 32 anos, e Fernando Enrique Freitas, 31 anos, a Justiça marcou para dia 9 de dezembro deste ano, o julgamento do acusado pelos crimes, o policial militar ambiental Lúcio Roberto Queiroz Silva. A defesa irá argumentar em favor da absolvição do réu.

O crime aconteceu no dia 5 de outubro de 2019, em Paranaíba, a 422 quilômetros de Campo Grande. Lúcio Roberto foi denunciado por duplo homicídio qualificado por motivação torpe e sem chance de defesa das vítimas. No caso da mulher, ainda foi incluído o feminicídio como qualificadora. O julgamento está previsto para 8h, em Paranaíba.

Regianni e Lúcio Roberto foram casados por 12 anos e tiveram filho, hoje, com 10 anos. Fernando Enrique era corretor de imóveis e casado havia cinco anos. Segundo a investigação policial, Lúcio Roberto matou os dois por acreditar que estava sendo traído pela esposa.

Conforme investigação, no dia 5 de outubro, o policial foi até a casa dos sogros do corretor e o matou a tiros com pistola .40. Depois, foi até a casa dos sogros, onde estava Regianni e atirou seis vezes, matando a mulher. Os crimes foram cometidos na frente de familiares. O filho de Lúcio e Regianni, à época, com 8 anos, ouviu os tiros e viu a mãe morta no sofá.

O processo criminal tramita em segredo de Justiça, mas indícios da linha de defesa do réu constam em processos cíveis, como o que trata da guarda do filho e da então adolescente de 16 anos, filha de Regianni, que completará 18 anos esta semana, disputa que envolve os avós maternos e paternos.

Nos documentos, o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa alega que irá provar a inocência do réu “quanto a todos ou a alguns deles [fatos alegados], até mesmo porque, o Requerido realiza tratamento psiquiátrico, não estava em serviço e, se cometeu o crime em questão, foi movido por questões subjetivas a serem analisadas”.

O advogado também questionou a imparcialidade da delegada Eva Maria Cogo da Silva, responsável pela investigação.

“Se por um lado efetivamente houve a dedicação plena a decodificar aquilo que ocorreu no dia dos fatos, também é fato que a nobre agente da lei extrapolou em muito o seu mister”, avaliou Rosa. Segundo ele, “comenta a boca miúda” que a delegada seria integrante do grupo local chamado “pedalindas da bike”, o qual Regianni também fazia parte.

A reportagem entrou em contato com Eva Maria Cogo da Silva, que negou a informação citada no documento como. “Nem ando de bicicleta, não conhecia a vítima. A primeira vez que a vi, foi morta no sofá com vários tiros”.

O advogado José Roberto Rodrigues também foi procurado para dar mais detalhes da linha de defesa e disse que entraria em contato para mais informações.

Denúncia - No dia dos crimes, o corretor e a mulher estavam na casa dos pais dela, em uma reunião familiar, enquanto o policial e a esposa participavam de outra confraternização na casa dos pais dele.

No final da tarde, depois de ingerir bebida alcoólica, o corretor deitou-se para descansar no sofá da sogra e, antes de dormir, desbloqueou o celular para sua mulher fazer uma ligação. Enquanto usava o celular do marido, chegaram mensagens por um aplicativo de conversa, sendo estas encaminhadas pela mulher do policial.

A mulher do corretor respondeu como se fosse ele, imaginando que ambas as vítimas mantinham caso extraconjugal. A seguir, a mulher entrou em contato com o policial e enviou a ele os prints da conversa.

O policial questionou a esposa sobre a possível infidelidade, mas ela negou. Então, ele foi até a residência onde o corretor estava, desceu do carro armado de uma pistola .40, de propriedade da Polícia Militar.

Na frente da casa, estavam a sogra do corretor, a mulher com sua filha menor no colo e uma amiga – ambas tentaram impedir sua entrada ao perceberem a intenção, mas não conseguiram impedir.

O policial encontrou o corretor deitado no sofá, de costas para a porta, e o acertou com um chute violento, exigindo que pegasse o celular, e repentinamente atirou na vítima que, mesmo ferida, tentou fugir. O réu perseguiu o corretor e atirou mais quatro vezes, matando-o.

De volta ao local onde estava com a esposa, o policial disse que matou o corretor e faria o mesmo com ela. Ele apontou a arma e atirou seis vezes, matando-a também. Antes de atirar, o policial obrigou o filho do casal a entrar em um dos quartos, entretanto, o garoto não só ouviu tudo, como após o assassino deixar o local, viu a mãe morta no sofá da casa. Após os crimes, o réu deixou a arma usada nos assassinatos e fugiu com o carro dos pais.

Lúcio Roberto se entregou três dias depois e está detido no Presídio Militar de Campo Grande desde 2019.

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