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Interior

Empresa de assessor de prefeito recebeu R$ 876 mil de conta “fantasma”

Tapeçaria de outro envolvido no esquema montado em Maracaju embolsou mais R$ 354 mil

Helio de Freitas, de Dourados | 29/09/2021 17:48
Policiais separam dinheiro e cheques apreendidos no dia das buscas (Foto: Arquivo)
Policiais separam dinheiro e cheques apreendidos no dia das buscas (Foto: Arquivo)

Das 19 empresas investigadas no âmbito da Operação Dark Money, 15 delas receberam dinheiro da Prefeitura de Maracaju mesmo sem qualquer contratação formal com o município. Não havia procedimento licitatório, tampouco notas fiscais justificando os pagamentos efetuados.

Deflagrada no dia 22 deste mês, a operação comandada pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) investiga desvio de pelo menos R$ 23,4 milhões do cofre público em 2019 e 2020, dois últimos anos da administração do ex-prefeito Maurílio Azambuja (MDB).

A campeã em recebimentos foi a Pré-Moldados Maracaju, que teria como sócio Edmilson Alves Fernandes , chefe do setor de licitações na gestão de Maurílio Azambuja. Segundo o Dracco, a empresa teria recebido R$ 876,1 mil em cheques. Preso há uma semana em hotel de Umuarama (PR), ele teve a prisão preventiva decretada e suas contas pessoais e empresarias bloqueadas pela Justiça.

Outra empresa investigada, a Pedro Everson do Amaral Pinto ME (Tapeçaria Lobo) teria recebido R$ 354,4 mil. O dono da empresa, Pedro Everson, também está preso preventivamente e teve os bens bloqueados.

Conforme a polícia, os fatos apurados até o momento indicam que a organização criminosa estabelecida na Secretaria de Fazenda de Maracaju teria desviado o dinheiro através de uma conta “fantasma”, não foi informada aos órgãos de controle, criada com a justificativa de contabilizar a folha de pagamento.

Em depoimento à polícia na segunda-feira, Maurílio Azambuja colocou a culpa nos ex-assessores, disse que confiava na equipe e assinava os cheques pensando ser para pagar os servidores. Desde ontem ele está em prisão domiciliar e usando tornozeleira eletrônica.

Ainda segundo o Dracco, dos 627 cheques emitidos, 75 já foram analisados pelo Laboratório de Tecnologia contra a Lavagem de Dinheiro. Todos esses que foram nominais a 15 empresas sem qualquer tiveram contratação formal com a prefeitura.

“As investigações apontam, entretanto, que a maioria das empresas investigadas poderia ter sido na realidade vítima da organização criminosa, na medida em que os títulos de crédito emitidos foram endossados mediante a falsificação da assinatura do responsável pela empresa, bem como carimbo desta”, afirma nota da polícia.

Depoimentos – Delegados responsáveis pela investigação ouviram 17 testemunhas entre ontem e hoje. Oito são servidores públicos ligados à Secretaria de Administração e Fazenda e ao Controle Interno e nove são responsáveis legais pelas empresas que teriam supostamente recebidos os valores.

“A nova fase da investigação apura cada cheque emitido nessa condição de falsidade ideológica, o que tornará ainda mais grave a conduta dos investigados”, afirma nota do Dracco. As diligências continuam para esclarecer os crimes praticados e recuperar o patrimônio público desviado.

Os ex-secretários de Fazenda Lenilso Carvalho Antunes ( candidato a prefeito derrotado na eleição do ano passado) e Daiana Cristina Kuhn, além de Pedro Everson Amaral Pinto e Edmilson Alves Fernandes, continuam presos.

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