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Interior

Espírito empreendedor e tragédia com filho marcaram vida de Oscar Goldoni

Ricardo Campos Jr. | 15/09/2015 17:42
Goldoni foi empresário e político, tendo passado pelos cargos de prefeito, deputado estadual e federal (Foto: arquivo pessoal / reprodução Facebook)
Goldoni foi empresário e político, tendo passado pelos cargos de prefeito, deputado estadual e federal (Foto: arquivo pessoal / reprodução Facebook)

Natural de Anta Gorda (RS), Oscar Goldoni chegou a Mato Grosso do Sul na adolescência, quando trabalhava como caminhoneiro. A carreira política do empresário teve o auge entre 1990 e 1994. Nesses quatro anos foi prefeito, deputado estadual, federal e teve a vida marcada tragicamente pela morte do filho pequeno. Nesta terça-feira (15), aos 66 anos, foi cercado por dois homens armados e executado a tiros.

Anderson Carpes, presidente da Associação de Turismo e Negócios de Ponta Porã fala da importância do ex-parlamentar para o cenário econômico da cidade. “Era uma pessoa dinâmica. Chegou e cresceu rápido na região. Fundo a indústria de refrigerantes Vô Kiko, uma fábrica de óleo e, atualmente, estava empreendendo também na suinocultura”, afirma.

Segundo informações publicadas na página de Goldoni no Facebook, o primeiro estabelecimento que ele abriu ao chegar ao estado foi uma churrascaria, onde assava as carnes e servia as pessoas.

Com o avanço do empreendimento, ele consegue trazer do Rio Grande do Sul o alambique do pai e, após modernizá-lo, dá início à fabricação da cachaça Vô Kiko, que depois expande sua atuação com outros tipos de bebidas.

Goldoni, ainda segundo informações oficiais, abre posteriormente as empresas Junior Cerealista, Junior Transportes, Óleo Junior, passando a ser conhecido no ramo empresarial da fronteira.

Goldoni com Leonel Brizola, fundador do PDT (Foto: arquivo pessoal / reprodução Facebook)
Goldoni com Leonel Brizola, fundador do PDT (Foto: arquivo pessoal / reprodução Facebook)
Goldoni com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: arquivo pessoal / reprodução Facebook)
Goldoni com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: arquivo pessoal / reprodução Facebook)

Vida política - Carpes lembra que Goldoni foi eleito em 1990 pelo PDT e ficou dois anos na Assembleia Legislativa (1991-1992), quando deixou o mandato para enfrentar Hélio Pelufo pelo Executivo de Ponta Porã. “A grande tacada foi que pela primeira vez alguém do empresariado havia entrado na política. A cidade sempre foi tida como voltada para o agronegócio ou política”, relata.

Ainda de acordo com o presidente da Associação de Turismo e Negócios, durante a campanha, o rival do ex-parlamentar foi flagrado lavando as mãos com álcool após um comício e passou a ser criticado pelo episódio. Para tentar se restabelecer na disputa, ele criticou Goldoni por sua origem fora de Mato Grosso do Sul, chamando-o de aventureiro.

“No dia seguinte começaram a se proliferar na cidade adesivos de Goldoni com os dizeres ‘Sou aventureiro, mas amo Ponta Porã”, lembra Carpes.

Vitorioso em 1992, não completou sequer metade do mandato. Em meados de 1993, o filho pequeno caiu da sacada de um prédio em Campo Grande e Goldoni deixou o vice na função para se juntar à família na Capital, segundo Carpes. Logo em seguida já emendou a campanha para a Câmara dos Deputados em 1994, quando saiu vitorioso.

Em 2007, Goldoni foi condenado por desviar as verbas para implantação de rede de esgoto em Ponta Porã. Ele foi investigado e processado pelo MPF (Ministério Público Federal), condenado e teve os direitos políticos cassados.

Goldoni apoiou Delcídio nas últimas eleições (Foto: arquivo pessoal / reprodução Facebook)
Goldoni apoiou Delcídio nas últimas eleições (Foto: arquivo pessoal / reprodução Facebook)

O ex-parlamentar chegou a tentar recurso para reverter a situação, o que lhe foi negado. Em junho de 2014, o juiz da 19ª Zona Eleitoral, Adriano da Rosa Bastos, decidiu anular a sentença anterior tendo em vista a prescrição da pena, autorizando-o a disputar as eleições daquele ano para deputado estadual, na qual não saiu vitorioso mesmo com o apoio do senador Delcídio do Amaral (PT), que na ocasião disputava o governo.

PatrimônioNa disputa, Goldoni declarou ter R$ 2.440.637 em bens, dois quais se destacam 1/3 de uma área de terras onde fica a indústria de óleo dele no valor de R$ 1.836.900; uma fazenda em Rio Verde no valor de R$ 568.520 e participação de R$ 25 mil no capital da Junior Cereais Ltda. A fábrica de refrigerantes não consta na relação.

Informações iniciais apontam que a vítima foi cercada por dois pistoleiros, um deles armado com um fuzil 556, em frente ao pátio do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de Ponta Porã. Os suspeitos se aproximaram enquanto o empresário descia da caminhonete. Ao lado do corpo, a polícia encontrou uma pistola usada pelo ex-parlamentar. Acredita-se que Goldoni tentou reagir ao crime.

Peritos estão analisando o local do assassinato. As investigações estão sendo conduzidas pelo titular da 2ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã, Patrick Linares da Costa. Até o momento, não há suspeitos e a polícia investiga as causas do crime.

Goldoni durante a campanha para deputado estadual em 2014 (Foto: reprodução Facebook)
Goldoni durante a campanha para deputado estadual em 2014 (Foto: reprodução Facebook)
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