Fazendeiros barram técnicos da Funai que faziam demarcação em Ponta Porã
Nessa segunda-feira um grupo de cerca de 30 produtores rurais barrou a entrada de técnicos da Funai (Fundação Nacional do Índio) que faziam a demarcação de terra em Ponta Porã. Segundo o jornal Dourados Agora, o clima foi tenso e marcado por muita discussão. Os técnicos, escoltados pela Polícia Federal e Força Nacional, decidiram ir embora.
As visitas da Funai começaram ainda no final de semana. No sábado, uma equipe esteve na fazenda El Shadai, às margens da BR-463, entre Ponta Porã e Dourados. A fazenda é uma das propriedades que estão dentro dos oito mil hectares de terras reivindicados pela Funai. O proprietário João Parizotto disse que não foi comunicado. “Eles simplesmente entraram e fincaram duas estacas em meio à plantação de milho. Quem presenciou isso tudo foi o meu filho”, disse.
Ontem a equipe da Funai voltou à fazenda e desta vez foi barrada. “Sem autorização da Justiça, eles não vão entrar em minha fazenda”, disse Parizotto. Segundo relatos do fazendeiro, desde 1999, quando um grupo de indígenas tomou uma área vizinha a dele, o clima ficou insustentável. “Acabou a paz na região, pois o clima de insegurança de lá para cá se tornou insustentável”.
O advogado de Parizotto, informou que vai recorrer na Justiça Federal de Ponta Porã, pedindo anulação do processo de demarcação. Ele terá o apoio dos produtores e do próprio Sindicato Rural. “Essas terras da região foram todas adquiridas de herança ou de compra legal. Somos trabalhadores e estamos cansados de conviver com esse descaso, de insegurança jurídica, de impasse”, reforçou o presidente do Sindicato Rural de Ponta Porã, Jean Paes.
Em 2011, o Governo Federal homologou a região como área indígena Jatayvari, também conhecida como Lima Campo, do povo Guarani Kaiowá, no município de Ponta Porã. Agora, após dois anos, a demarcação teve início. Cerca de 150 indígenas estão acampados em uma propriedade ao lado da fazenda El Shadai. A área estava em disputa judicial e atualmente pertence a um banco. Outra parte dos índios está acampada às margens da BR-463.
De acordo com o coordenador regional da Funai, em Ponta Porã, Silvio Raimundo da Silva, a demarcação vai continuar. “O Governo já reconheceu que a área é indígena e a informação que temos é que esse serviço de demarcação será realizado em Ponta Porã o mais rápido possível”, informou.