Fazendeiros divulgam desagravo e consideram decisão do TRF estimulo à força
A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) e a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) assinam nota de desagravo por conta da decisão do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) que suspendeu o cumprimento de ordem judicial de reintegração de posse da fazenda Querência São José, em Dois Irmãos do Buriti.
As duas entidades que representam os fazendeiros do Estado reclamam do “desrespeito ao direito de propriedade e à função social da terra, em verdadeira violação do Estado Democrático de Direito” e pedem ao Poder Público que olhe "para a questão sem preconceitos e sem fisiologismos e que a Justiça reconheça o direito de propriedade”.
Na nota, Acrissul e Famasul avisam que decisões favoráveis aos índios podem “estimular o uso da força”. Os ruralistas lembram que o próprio Tribunal Regional Federal já reconheceu que a terra invadida não pertence aos índios terena e por isso não entendem porque o órgão “opta por suspender o cumprimento da ordem de reintegração até que recurso seja julgado”.
A alegação de que a desocupação providenciada pela Polícia Federal significaria risco às mulheres e crianças que estão no local, também é contestada. “Como se os agentes policiais não estivessem aptos a agir em situações semelhantes”.
Como sempre, as entidades usam contra as demarcações o discurso de “impactos negativos que a instabilidade provocada pelas invasões indígenas causa atualmente em toda a região Sul do Estado. Além do impacto na economia, como suspensão de crédito, desvalorização da terra, queda na produção e conseqüentes efeitos no comércio geral, a insegurança jurídica trazida pelo conflito iminente afasta todo e qualquer investimento da região, considerada uma das mais produtivas do Estado, envolvendo 26 municípios”.