Fogo ameaça patrimônio histórico da Bolívia e fumaça cobre Corumbá
Avião-tanque virá dos EUA para ser usado no combate às chamas e pode ficar em Corumbá para abastecimento
Incêndio de grandes proporções atinge municípios da Chiquitania, na Bolívia, no departamento de Santa Cruz, região de fronteira com o Brasil. A intensidade é tamanha que, desde domingo, a fumaça cobre Corumbá. Um avião-tanque chegará ao país até amanhã e a cidade sul-mato-grossense pode servir de base para apoiar o trabalho de combate às chamas no país vizinho.
Segundo os jornais bolivianos La Razón e El Diario, o fogo começou há semanas e pelos números da Autoridade de Bosques e Terras (ABT) da Bolívia, atingiu 757.975 hectares.
Há relatos de grandes incêndios em San Rafael, Charagua, Puerto Busch, San Ignácio e San Rafael, todos na região de Chiquitania. Parte desses municípios são considerados patrimônio tombado pela Unesco desde 1991, por conta importância histórica, decorrente da presença de jesuítas entre 1696 e 1760.
O ministro da Defesa da Bolívia, Javier Zavaleta, disse que o Boeing Supertanker 147-400, do Colorado (EUA) chegará ainda entre hoje e amanhã cedo e ficará baseado no Aeroporto Internacional de Viru Viru, em Santa Cruz. Cada voo está orçado em US$ 16 mil.
O governo boliviano não descarta usar o aeroporto em Corumbá como ponto de abastecimento da aeronave, com capacidade de 70 mil litros de água.
“Temos fogo incontrolável em Puerto Busch e Charagua em uma superfície grande, 40 quilômetros quadrados cada um, e esse trabalho não pode ser feito com helicóptero, sem aviões, nem por terá, porque são lugares inacessíveis; vamos esperar a chegada do Supertanker para encarar esse trabalho”, disse Zavaleta, avaliando que esse avião será fundamental para extinguir o fogo. Além dos brigadistas, 604 soldados da 8ª Divisão do Exército de Santa Cruz foram a Roboré para ajudar no contole do incêndio.
Segundo o governo boliviano, o combate às chamas surtiu efeito em Taperas, Puerto Suárez, Carmen Ribero e Águas Calientes.
Risco – O incêndio na região de Chiquitania se aproxima da fronteira com Brasil, na região de Corumbá. O coordenador da Defesa Civil do Estado, coronel Fábio Catarinelli, disse que o fogo está sendo monitorado. “Para incêndio, não existe fronteira”. Há ainda o agravante da previsão do tempo indicar chuva somente no dia 31 de agosto, porém, com altas temperaturas, o que pode não amenizar a situação.
Catarinelli alerta, porém, que a região ainda é considerada afastada de Corumbá, mas que as notícias têm preocupado a população. Nos grupos de WhatsApp circulam imagens de animais queimados e incêndio em área de vegetação como se fossem no Pantanal em território brasileiro, mas referem-se a situação ocorrida em Roboré, na Bolívia.
Independentemente da situação na Bolívia, o tempo seco já causa os estragos em Corumbá. Os focos de incêndio somados já atingiram área de 2,5 mil hectares desde 26 de julho deste ano no Pantanal , segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).