Geraldo rejeita antecipar voto contra reforma e protesto continua
Deputado disse que “se for vontade da maioria” apoia retirada do projeto enviado pelo governo, defendeu mudanças na proposta, mas acha que Previdência quebra se sistema não mudar
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Apesar da pressão dos manifestantes que há dois dias estão acampados em frente a seu escritório político, o deputado federal Geraldo Resende (PSDB) rejeitou assumir compromisso de votar contra a reforma da Previdência. Na manhã de hoje (17), ele se reuniu com pelo menos 150 pessoas no meio da rua, onde o acampamento está montado no Centro de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande.
Durante uma hora de conversa, cercado pelos manifestantes – a maioria professores e sindicalistas de outros setores do serviço público –, o parlamentar ouviu pedidos para declarar voto contrário à proposta do governo Michel Temer, mas reafirmou considerar a reforma necessária para evitar a falência do sistema previdenciário atual.
“O senhor já votou a favor da PEC 241 [que criou um teto para os gastos públicos]. Estamos acampados aqui para que o senhor vote contra a reforma da Previdência”, pediu a professora Ana Paula.
“Vocês me pediram aqui hoje para sepultar a reforma da Previdência, mas isso não me compete, é uma prerrogativa da Câmara. Eu compreendo a necessidade de reformas da Previdência, tributária e trabalhista. Mas reafirmo que vários pontos desse projeto não terão meu voto”, afirmou Geraldo. Entre os pontos que se declarou contrário está o tempo de contribuição de 49 anos.
Vai quebrar – Estudantes presentes na reunião manifestaram preocupação com a falta de emprego quando saírem da faculdade, já que os atuais trabalhadores vão demorar mais para se aposentar se a proposta do governo for aprovada. “Se nenhuma reforma for feita não teremos no futuro como ter Previdência pública, nem saúde nem educação de qualidade”, respondeu o deputado.
Gleice Jane Barbosa, presidente do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação) e uma das líderes do acampamento, repetiu a Geraldo Resende que os sindicalistas vão de porta em porta falar dos impactos contra os trabalhadores se a reforma receber o voto favorável dele. “Tem eleitor do senhor assustado e não quer nem sonhar que o senhor vai fazer isso”.
CPI – Os manifestantes cobraram de Geraldo apoio à criação de uma CPI para apurar o suposto rombo da Previdência, apontado pelo governo como motivo para a reforma. Segundo eles, estudos já feitos comprovam o contrário.
“Por que votar a reforma da Previdência antes da CPI, antes de uma auditoria. Qual a necessidade dessa urgência?”, questionou Gleice. “Se for a vontade da maioria retirar o projeto, vai ter meu voto”, respondeu o deputado tucano.
Resende chegou a ser vaiado quando criticou, sem citar nomes, os 13 anos do PT no comando do país e responsabilizou os governantes do partido pela atual crise nacional.
Ronaldo Ferreira, presidente do Comitê de Defesa Popular, disse que o acampamento vai ser mantido em frente ao escritório de Geraldo Resende, na Rua Nelson de Araújo, pelo menos até amanhã, como já estava previsto.