Hospital que mais atende indígenas fora da região Norte fica em MS
Hospital Universitário de Dourados internou 1.181 integrantes da população indígena em 2022
Fica em Mato Grosso do Sul o hospital com o terceiro maior número de internações de integrantes da população indígena no Brasil. Fora da região Norte, o HU-UFGD (Hospital Universitário da Grande Dourados) é o maior do País a oferecer esse atendimento aos povos tradicionais.
Pioneiro na implantação de programa de residência e referência na atuação dentro da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul, o HU-UFGD fica em Dourados (a 251 km de Campo Grande) e tem abrangência em 33 municípios da região.
Segundo números divulgados hoje (22), no ano passado foram internados 1.181 pacientes indígenas no HU de Dourados -aumento de 19,29% em relação ao ano anterior, quando ocorreram 990 internações.
Os números de 2022 representam 11,8% dos pacientes indígenas nos 10 hospitais brasileiros com mais internações deste público, segundo o DataSUS. O HU-UFGD faz parte da Rede Hospitalar Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares administra 41 hospitais universitários federais.
No ano passado, o número de consultas ambulatoriais para pacientes indígenas cresceu 35% e chegou 605 atendimentos. O hospital douradense é o terceiro do País com maior número de partos de indígenas. Foram 544 procedimentos em 2022.
Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do Brasil, com 80.459 moradores em aldeias e acampamentos de oito grupos étnicos - Guarani Nhandevá (denominado Guarani), Guarani Kaiowá (denominado Kaiowá), Terena, Kadwéu, Kinikinaw, Atikun, Ofaié e Guató. Os de maior predominância são os Guaranis, os Kaiowás e os Terenas. Dourados tem a maior população aldeada do Estado.
Conforme o superintendente do HU-UFGD, o médico intensivista Hermeto Macario Amin Paschoalik, ao longo dos últimos anos o hospital se adaptou para atendimento a casos relacionados à pandemia da covid-19, inclusive para a população aldeada, e a partir do ano passado retomou programas específicos dentro da Política de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.
“Uma dessas ações é o fortalecimento do Núcleo da Saúde Indígena (NIS), que passou a se constituir como um comitê, com a participação e atuação de representantes das comunidades indígenas e da universidade, que tem forte atuação nesta área”, explicou.
Atendimento nas aldeias – Além do atendimento no hospital, os profissionais que estão se formando no HU atuam também na atenção básica nas aldeias, para referenciar serviços de média e alta complexidades. Na residência de Saúde Indígena, por ano, são formados seis profissionais - dois enfermeiros, dois nutricionistas e dois psicólogos.
O secretário da Comissão de Residência Multiprofissional, Wesley Eduardo Ferreira, disse que a estrutura de atendimento do HU-UFGD permite a presença destes profissionais desde a atenção básica até os serviços hospitalares mais complexos. “Cada programa de residência tem que desenvolver atividades práticas, dentro e fora do hospital”.
Conforme a coordenadora da Residência Multiprofissional com Ênfase na Atenção à Saúde Indígena, Jacqueline Fioramonte, o programa coloca os profissionais em contato com a cultura dentro dos territórios indígenas. “Um dos princípios doutrinários do SUS é a equidade, que significa atender os diferentes de forma diferente, e se esta população tem características próprias, é preciso formar profissionais que entendam e respeitem estas características”.