ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEGUNDA  18    CAMPO GRANDE 25º

Interior

Incra prepara decreto para titular área quilombola já reconhecida há 10 anos

Ao todo, 1.696,5738 hectares das terras ocupadas atualmente pela comunidade serão foco da regularização

Por Jhefferson Gamarra | 18/11/2024 10:15
Comunidade quilombola no distrito de Picadinha em Dourados (Foto: Divulgação/Governo MS)
Comunidade quilombola no distrito de Picadinha em Dourados (Foto: Divulgação/Governo MS)

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) está nos preparativos finais para a emissão do decreto presidencial que oficializará a regularização do território da comunidade quilombola Dezidério Felipe de Oliveira/Picadinha, em Dourados, a 230 quilômetros de Campo Grande. A área foi reconhecida como comunidade remanescente de quilombo em 2015, mas a titulação definitiva estava “travada” aguardando a finalização de etapas administrativas e jurídicas.

A medida, que deve beneficiar cerca de 60 famílias que vivem na comunidade, simboliza um marco importante na luta por direitos das populações quilombolas no Brasil. O processo de regularização está sendo conduzido pelo Incra e deve ser enviado à Casa Civil da Presidência da República para a edição do decreto presidencial, que é uma etapa anterior e necessária à titulação do território.

O DOE (Diário Oficial de Mato Grosso do Sul) desta segunda-feira (18) trouxe a publicação da portaria federal de 2015, que reconheceu o território quilombola no Estado. A medida é uma das exigências para dar prosseguimento ao processo de regularização fundiária da comunidade.

O RTID (Relatório Técnico de Identificação e Delimitação), aprovado pelo Incra, delimitou inicialmente uma área de 3.928,1184 hectares. Contudo, devido às decisões judiciais que impuseram restrições sobre algumas matrículas de terras, a área reconhecida foi ajustada para 3.538,6215 hectares. Deste total, 1.696,5738 hectares correspondem às terras ocupadas atualmente pela comunidade e a imóveis livres de impedimentos judiciais, que serão o foco da regularização fundiária.

Mapa da comunidade reconhecida como área quilombola em Dourados (Imagem: Reprodução)
Mapa da comunidade reconhecida como área quilombola em Dourados (Imagem: Reprodução)

Histórico - A comunidade Dezidério Felipe de Oliveira/Picadinha teve início em 1907, quando Dezidério, um ex-escravizado vindo de Uberlândia (MG), se estabeleceu na região de Dourados. Na cabeceira do Rio São Domingos, ele conseguiu posse provisória das terras, onde fundou a comunidade. Dezidério viveu ali até sua morte em 1935, deixando como herança a luta pela permanência no território e o fortalecimento de uma identidade quilombola.

Desde então, a comunidade enfrentou diversos desafios para garantir a permanência nas terras, que passaram a ser reivindicadas como território quilombola. Atualmente, cerca de 60 famílias descendentes vivem na área, preservando costumes e modos de vida tradicionais, mesmo diante de conflitos e pressões externas para a retirada.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

O processo para a regularização do território quilombola Dezidério Felipe de Oliveira/Picadinha começou oficialmente em 2005, com a abertura de um procedimento administrativo no Incra. Em 2009, foi concluído o relatório técnico de identificação e delimitação, documento essencial que reconheceu a comunidade como remanescente de quilombo e delimitou inicialmente uma área de 3.928,1184 hectares como território quilombola.

No entanto, disputas judiciais e conflitos fundiários reduziram temporariamente o território reconhecido para 3.538,6215 hectares. Apesar desse avanço, o território ainda não foi titulado, e a área em ocupação quilombola foi definida em 1.696,5738 hectares, correspondendo às terras livres de óbices judiciais

Após a publicação do decreto de regularização fundiária da comunidade, o Incra poderá dar início às etapas de desintrusão — retirada de ocupantes não quilombolas — e, posteriormente, à titulação definitiva e coletiva do território em nome da comunidade.

Nos siga no Google Notícias