Indígena é morto com golpes na cabeça e entidades alegam homofobia
Crime teria acontecido no dia 12 de novembro, mas só veio a tona nesta quinta-feira com divulgação da nota
O indígena Cleijomar Rodrigues Vasques, 16 anos, foi assassinado no último dia 12 com golpes na cabeça e em seguida teve seu corpo jogado na rodovia MS-386, perto da Aldeia Limão Verde, em Amambaí, cidade a 351 quilômetros de Campo Grande. O caso só veio à tona nesta quinta-feira (24) com divulgação de nota pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Aty Guasu (Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani) e a Via Campesina.
De acordo com o documento, Cleijomar era assumidamente gay e era uma das lideranças da juventude Guarni Kaiowá atuando na luta pela retomada das terras indígenas, por isso, a entidade alega que o crime também tenha cunho político.
Na nota divulgada, as entidades citam que o adolescente foi morto com golpes na cabeça, mas não detalha quantos foram e nem qual seria o instrumento usado para a violência, em seguida ele teve seu corpo jogado na rodovia que fica perto da aldeia para simular um acidente. Em seguida os assassinos teriam fugido.
Segundo as instituições, o crime foi cometido por Cleijomar ser “assumidamente gay” e que outros dois rapazes identificados como Timi Vilhalva e Gabriel Rodrigues também foram mortos este ano por serem homossexuais, o que aponta para uma “perseguição sistemática à vida dos LGBTQI+ indígenas que moram na Aldeia Limão Verde”.
Ao Campo Grande News, delegado de Amambaí, Guilherme Tiago Andrade, informou que registrou como morte a esclarecer porque é comum na região casos de suicídio em que a pessoa causa o próprio atropelamento. Ele também teve acesso ao laudo pericial, cujo conteúdo apontava que o atropelamento aconteceu ainda com indígena vivo, afastando assim a tese de morte antes da colisão.
Nas redes sociais, outros moradores da Aldeia fizeram postagens lamentando a morte de Cleijomar. Em uma delas, um outro indígena afirma também ser homossexual e diz que entrará em ação para continuar a luta do amigo. “Eu não escolhi esse gênero, nasci e cresci com ele. Respeitem nós que somos LGBTQI+, principalmente os jovens indígenas de Mato Grosso Do Sul. Descanse em paz, amiguinho”, diz parte da postagem.