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Interior

Indígenas acusados de liderar invasões são soltos com tornozeleira

Viatura da Polícia Civil chegou a ser apedrejada durante prisão; Aty Guasu alega criminalização

Por Gustavo Bonotto e Helio de Freitas, de Dourados | 09/08/2024 20:05
Adilson Benites foi escoltado à delegacia durante a manhã desta sexta-feira (9). (Foto: Leandro Holsbach)
Adilson Benites foi escoltado à delegacia durante a manhã desta sexta-feira (9). (Foto: Leandro Holsbach)

Três indígenas presos acusados de liderar invasões em sítios, empresas e até em uma área onde estava sendo construído condomínio de luxo foram soltos após audiência de custódia no fim da tarde desta sexta-feira (9), em Dourados, município distante 251 quilômetros de Campo Grande.

Conforme apurado pela reportagem, Adilson Benites, Silvia Benites e Ivan de Oliveira Mariano tiveram o mandado de prisão preventiva convertido em medidas cautelares, ou seja, retornaram à liberdade sob uso de tornozeleira eletrônica.

Os detalhes das acusações contra o grupo não foram informados à imprensa e o processo segue fechado. Entretanto, a mulher e os dois homens presos hoje respondem a vários processos por dano, ameaça e porte ilegal de arma de fogo tanto na Justiça Estadual quando na Justiça Federal.

Outras duas pessoas também tiveram mandados de prisão expedidos, no entanto, não foram localizados pela PF (Polícia Federal). Viaturas da Polícia Civil chegaram a ser apedrejadas durante a operação, conforme vídeo publicado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário) nas redes sociais. Veja abaixo:

As áreas onde ocorreram as invasões ficam na margem do anel viário norte, rodovia que separa o perímetro urbano das aldeias Bororó e Jaguapiru, e na Avenida Guaicurus, via que liga o centro ao aeroporto, à Cidade Universitária e ao quartel do Exército.

Nos últimos dois anos, ocorreram vários episódios envolvendo ocupações e tentativas de invasão em propriedades rurais e empresas instaladas na região. Os indígenas reivindicam a demarcação das áreas como parte da reserva alegando que as terras teriam sido expropriadas por fazendeiros e sitiantes. Entretanto, até agora não existe nenhum levantamento técnico apontando as áreas como parte da reserva federal.

A Aty Guasu, principal organização política Guarani e Kaiowá, alega criminalização de "legítimas reivindicações do povo pela demarcação dos povos tradicionais". Em nota enviada à reportagem, a entidade aponta que os ataques já deixaram mais de dez feridos desde o dia 14 de julho.

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