Juíza autoriza extradição, mas só após Pavão cumprir pena no Paraguai
Pedido foi feito por juiz do RS; é a segunda extradição, que será cumprida após brasileiro responder por crimes no país vizinho
A juíza paraguaia Gricelda Caballero concedeu a extradição do narcotraficante Jarvis Gimenez Pavão para o Brasil, mas a medida só poderá ser cumprida após o brasileiro responder por seus crimes no Paraguai. O pedido deferido foi feito pelo juiz Rafael Farinatti Aymone, de Caxias do Sul (RS).
Apontado como um dos maiores criminosos em atuação no país vizinho, acusado de se associar ao PCC (Primeiro Comando da Capital) para eliminar o ex-sócio Jorge Rafaat Toumani e assumir o controle do tráfico de drogas e armas para o Brasil, Pavão tem, até agora, apenas uma condenação, de oito anos de prisão, por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Preso em novembro de 2009 após fugir da região sul brasileira e se esconder no Paraguai, o sul-mato-grossense conclui a sentença da Justiça paraguaia em dezembro de 2017.
Se não receber nenhuma outra condenação naquele país, Jarvis Pavão, que tem 49 anos, poderá ganhar liberdade, mas com a ordem de extradição deferida terá de recorrer à Corte Suprema para tentar mudar a sentença.
Tráfico internacional – No pedido de extradição apresentado em março deste ano, o juiz Rafael Farinatti Aymone afirma que Jarvis Pavão é réu junto com outras 44 pessoas em um processo por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico, e homicídio qualificado.
O juiz brasileiro informou no documento enviado à Justiça paraguaia que os denunciados, entre eles Pavão, se associaram para formar seis grupos para a prática de tráfico de drogas e nos anos de 2009 a 2010 importaram e distribuíram cocaína no Rio Grande do Sul.
Iniciada em maio de 2009 e concluída em novembro de 2011, a investigação, que incluiu interceptações telefônicas, comprovou que Jarvis Pavão, inicialmente em liberdade e depois preso no Paraguai, liderou a organização criminosa, de forma direta e através de ordens repassadas a seu braço direito, Gustavo Alvarenza Cardoso.
O juiz brasileiro narra que as escutas telefônicas mostram Pavão utilizando métodos violentos para manter o controle do tráfico, com coação e até ameaçando de morte quem descumprisse suas ordens. Um dos mortos, segundo o documento, foi Paulo Sergio de Oliveira Barros.
Outra extradição – Essa é a segunda sentença da Justiça do Paraguai favorável à extradição de Jarvis Pavão para o Brasil. A primeira decisão se refere a um pedido em decorrência de uma condenação de 17 anos de prisão em Santa Catarina, mas, a exemplo da sentença atual, a primeira só será colocada em prática após o narcotraficante cumprir sua pena em território paraguaio.
Existem outros pedidos do Brasil para o Paraguai extraditar Pavão. Em maio deste ano, um deles da juíza Karina da Silva Cordeiro, da 7ª Vara Federal de Porto Alegre (RS).
Para fundamentar o pedido, a magistrada alega que Pavão continuava gerenciando o envio de drogas para o Brasil no período em que esteve recolhido no presídio de Tacumbú, em Assunção.