"Melhor ela viva lá do que ficar aqui e morrer", diz filho de idosa enviada a RO
Iva é uma das 9 pessoas de MS encaminhadas para acompanhamento de covid-19 em leito intensivo em outro Estado
“É difícil, mas é melhor ela viva lá do que ficar aqui e falecer”. A constatação dolorida é do filho da idosa Iva Gama dos Santos, 79, moradora de Douradina e que foi encaminhada junto a outros sete pacientes com covid-19 para internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na capital de Rondônia, Porto Velho.
Ela saiu de Dourados rumo a Campo Grande, onde embarcou por volta das 14 horas. O filho dela, Luiz Carlos Gama dos Santos, 56, e que há 25 anos é Guarda Municipal em Dourados, afirma que a situação não é fácil: saber que a mãe está longe recebendo atendimento. “Dá uma agonia, uma angústia”, ressalta.
No entanto, ele acredita que a mãe estará melhor lá que em Dourados, onde estava recebendo oxigênio, mas sem perspectiva de acessar alguma vaga de UTI, que segundo os médicos, é o que ela precisa no momento.
Ele comentou também que questionou sobre a possibilidade de algum familiar ir a Rondônia para acompanhá-la mais de perto, mas a equipe de saúde afirmou ser desnecessário, já que “de lá eles vão passar só os boletins, não pode ter visita, nada”, argumentou.
Dona Iva, conforme Luiz, é muito conhecida em Douradina e recebe visitas em casa, onde mora sozinha, praticamente o dia todo. Desde profissionais de saúde que a acompanham com a colostomia – ela precisou retirar parte do intestino depois de um câncer – a amigos e vizinhos.
Com isso, ele não sabe dizer como a mãe contraiu covid-19 e lamenta ainda mais porque ela já havia recebido as duas doses da vacina contra a doença, isso a mais de 25 dias. “Os médicos falam que cada organismo reage de um jeito em relação à vacina”, comenta, mas avalia que o imunizante não foi eficaz como deveria.
Apesar de tudo, ele fez questão de agradecer e parabenizar equipes de saúde de Douradina e de Dourados, onde Iva “foi muito bem atendida, apesar de tanta coisa errada na saúde que a gente sabe que tem”.
Para ele, a única opção que a família tinha para que a mãe sobreviva era aceitar encaminhá-la para outro Estado, já que não há opção de leitos intensivos nem em Dourados e região nem no restante de Mato Grosso do Sul. “Que Deus nos abençoe”, encerra.