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Interior

Morre em Dourados o 1º índio vítima da covid-19 no Estado, que atinge 40 óbitos

Homem de 49 anos vivia na Reserva Indígena mais populosa do Brasil e estava internado no Hospital Evangélico desde o dia 7

Izabela Sanchez | 19/06/2020 07:30
Diabético, homem de 49 estava internado no Hospital Evangélico desde o dia 7 de junho (Foto: Hédio Fazan/Dourados News)
Diabético, homem de 49 estava internado no Hospital Evangélico desde o dia 7 de junho (Foto: Hédio Fazan/Dourados News)

Faleceu na quinta-feira (18) em Dourados, a 233 km de Campo Grande, homem da etnia guarani kaiowá, a primeira vítima indígena da covid-19 em Mato Grosso do Sul. Ele tinha 59 anos. Conforme a secretaáia municipal de Saúde, Berenice Machado de Souza, o paciente estava internado desde o dia 7 de junho.

Além de marcar oficialmente o agravamento da covid entre os indígenas, considerados grupos étnicos mais vulneráveis ao novo coronavírus, eleva para 8 o número de mortos pela doença em Dourados, hoje o epicentro da covid-19 em Mato Grosso do Sul. Trata-se da 40ª morte no Estado.

Segundo a secretária, ele era diabético e estava internado no Hospital Evangélico. A secretária confirmou que ele vivia na Reserva Indígena de Dourados, que abriga as aldeias Jaguapiru e Bororo. Conforme apurou o Campo Grande News, ele vivia na aldeia Bororo.

Covid e população indígena – Em Dourados, um dos motivos da disseminação do novo coronavírus está ligado à cadeia da carne. Indígena que trabalha na planta da Seara/JBS na cidade foi o primeiro caso registrado na reserva mais populosa do Brasil e onde a proximidade entre as casas em razão da falta de espaço fez com que uma operação de emergência fosse mobilizada.

Diversas organizações com aval da Comitê Estadual e do polo base da sáude indígena em Dourados retiraram pessoas do grupo de risco, pessoas diagnosticadas e pessoas que tiveram contato com casos confirmados. Elas foram levadas para a Casa do Cursilho em Dourados.

Distribuição de máscaras organizada pelas lideranças da Reserva para quem entra no perímetro das aldeias (Foto: Divulgação)
Distribuição de máscaras organizada pelas lideranças da Reserva para quem entra no perímetro das aldeias (Foto: Divulgação)

Há entre os indígenas apelos por mais EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), inclusive entre os trabalhadores do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) de Mato Grosso do Sul. Em Dourados não havia sequer estoque de máscaras e luvas suficientes aos trabalhadores que atuam nos postos de saúde da Reserva, conforme apurou o Campo Grande News. Com isso, a orientação da coordenação era que, na ausência de máscara, os agentes de saúde não visitassem os enfermos para evitar risco de contágio.

Além de algumas etnias e comunidades indígenas terem ainda mais vulnerabilidade pelo isolamento maior - diferente da população não indígena -, a pobreza entre os índios no sul de Mato Grosso do Sul também levanta a questão da fome, piorada em época de quarentena.

Com a subnotificação dos casos entre os grupos indígenas, a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) está atualizando os dados diariamente. O último levantamento aponta 6.352 casos de covid entre indígenas de todo o país e 301 mortes nos 102 grupos étnicos atingidos pela pandemia.

Ação judicial - A Justiça Federal em Dourados recebeu pedido de liminar em ação civil pública do Ministério Público Federal que pede que a União seja obrigada, no prazo máximo de 48 horas, a adquirir e distribuir EPIs ao Dsei.

Decisão em primeira instância havia alegado que outra ação com os mesmos pedidos tramitava em Campo Grande, para onde remeteu o processo. Com a decisão do TRF3 (Tribunal Regional Federal da Terceira Região), a ação volta para Dourados e deve ser julgada. A Justiça negou liminar em ação similar ajuizada pelo MPF.

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