Morto em queda de avião tinha apelido de lendário traficante
Luiz Franco Báez se intitulava “Senhor dos Céus”, assim como Amado Carrillo Fuentes, morto em 1997
Investigado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, o piloto Luiz Alberto Franco Báez, o “Vaka Resa”, 37, morto na queda de avião nesta sexta-feira (19) na faixa de fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul, se intitulava “Señor de los Cielos” (Senhor dos Céus).
Curiosamente, esse era o apelido do lendário traficante mexicano Amado Carrillo Fuentes, conhecido por suas habilidades em despistar o controle aéreo ao transportar cocaína da Colômbia para o México e Estados Unidos.
Carrillo Fuentes assumiu o cartel de Juárez após a prisão de seu sócio, Miguel Ángel Félix Gallardo, que atualmente cumpre sentença de 40 anos. Ele comprava droga diretamente de Pablo Escobar, até hoje considerado o maior narcotraficante da história.
Dono de uma frota de aviões Boeing 737 usada para carregar cocaína, Amado Carrillo Fuentes se tornou o maior traficante do México antes da ascensão de Joaquim Loeira Guzmán, o “Chapo”, e morreu durante cirurgia plástica para mudar a aparência, em 4 de julho de 1997, num hospital da Cidade do México.
“Vaka Resa” – Luiz Alberto Franco Báez pilotava o Beechcraft ano 1974 de matrícula ZP-THW, que caiu na manhã de hoje, 1 km depois de decolar de Loma Plata, povoado paraguaio a 180 km do município de Porto Murtinho.
Segundo a imprensa paraguaia, “Vaka Resa” era apontado como importante produtor de maconha no departamento de Canindeyú, na linha internacional com Mato Grosso do Sul e cuja capital é Salto Del Guairá – destino do voo desta sexta-feira. Ele foi preso por transgressão à lei de armas e violência doméstica e foi investigado por tráfico e lavagem de dinheiro, mas nunca chegou a ser condenado.
Além de “Vaka Resa”, morreu no acidente o também paraguaio Carlos Alberto Morinigo Mendoza, 43. A região onde ocorreu a queda é rota do tráfico aéreo da cocaína que sai da Bolívia e chega ao Paraguai pelo Chaco.
Jogador de futebol – O goleiro Tobias Vargas, que defendeu times da primeira divisão do futebol paraguaio até ser acusado de vender o resultado de uma partida, foi ao local do acidente e se apresentou como dono do avião.
Ele contou que o avião já tinha apresentado problemas ontem, logo após pousar em Loma Plata vindo da capital Asunción. Um mecânico foi levado até o povoado para verificar o defeito e hoje de manhã a aeronave levantou voo com destino a Salto Del Guairá (a 20 km de Mundo Novo).
Tobias Vargas disse que estava na região de Loma Plata para negociar a compra de propriedades, mas decidiu seguir viagem por terra, inseguro devido ao problema mecânico apresentado ontem.
A Dinac (Direção Nacional de Aeronáutica Civil), órgão equivalente à Anac brasileira, informou que Tobias Vargas não é oficialmente dono da aeronave, registrada em nome da empresa Climarco SRL. Entretanto, existe possibilidade de que o avião estivesse em fase de transferência para o nome do ex-goleiro.
Nos destroços, equipes da polícia e do Ministério Público do Paraguai encontraram uma bolsa com dólares americanos parcialmente queimados. A Dinac enviou equipe ao local para investigar o acidente.
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