Operação da PF em Corumbá encontra de Porsche à mansão em bairro de chão batido
Justiça Federal sequestrou quatro imóveis e 61 veículos, avaliados em R$ 8 milhões
A operação “Mamon”, terminologia que se refere aos “servos do dinheiro”, cumpriu mandado nesta quinta-feira (dia 29) em uma mansão, com ares de fortaleza, que destoa da paisagem no Cravo Vermelho, bairro periférico e de chão batido de Corumbá, Mato Grosso do Sul.
Conforme apurado pelo Campo Grande News, o imóvel de luxo é residência do vereador Alex Prado Della (Republicanos), que informou à Justiça Eleitoral não ter bens, e de seu pai Ale Tahir Della, preso em 2006 no aeroporto da Capital por tráfico de 85 quilos de cocaína.
A reportagem apurou que o imóvel de luxo foi edificado em 2020, ano eleitoral. Nas primeiras horas do dia, equipes da PF foram à conveniência da família do vereador, localizada na Rua Major Gama, esquina com a Dom Aquino, Centro de Corumbá, que faz fronteira com a Bolívia.
A reportagem não conseguiu contato com o vereador. Mas a assessoria de imprensa do parlamentar informou ao Diário Corumbaense que Alex Dellas, como é conhecido, não tem vínculo com operação da Polícia Federal e que o vereador cumpre agenda hoje na Capital. O Campo Grande News não localizou a defesa de Ale Tahir Della.
Outro ponto que amanheceu com equipes policiais foi uma garagem revendedora de carros localizada na Rua Edu Rocha, Bairro Aeroporto. No período da manhã, duas pessoas foram levadas para a delegacia da Polícia Federal. A operação não tinha mandado de prisão.
A 5ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande autorizou o sequestro de 4 imóveis e de 61 veículos, avaliados em R$ 8 milhões. A operação resultou no desfile de carrões pelos paralelepípedos de Corumbá, como Porsche e Mustang. Imagens divulgadas pela polícia mostram apreensão de dinheiro, cheques, arma e joias, além de “visita” a imóveis de alto padrão.
De acordo com a PF, foram 15 mandados de busca e apreensão cumpridos em Corumbá, em Belo Horizonte (Minas Gerais) e Quinta do Sol (Paraná). Conforme a investigação, a quadrilha alvo da operação Mamon movimentou R$ 20 milhões no ano passado
O Poder Judiciário ainda determinou suspensão de atividades econômicas de quatro empresas de fachada, além do bloqueio de valores em contas bancárias.
Segundo as investigações da Polícia Federal, a quadrilha ostenta elevado padrão de vida e recorria a complexo esquema de lavagem para ocultar dinheiro obtido com tráfico de drogas e contrabando. Para “limpar” os valores, era envolvido sistema bancário, operadoras de crédito, cheques, compra e venda de veículos, além de transações em espécie (dinheiro vivo).
“As investigações concluíram que o grupo criminoso utilizava empresas de fachada e outras que efetivamente funcionavam, bem como por interpostas pessoas, conhecidos como laranjas, para combater e dissimular a origem ilegal de recursos obtidos através do tráfico de entorpecentes”, afirma o delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Leonardo Rafaini.
Os investigados poderão responder pelos crimes de lavagem de capitais e organização criminosa, cujas penas, somadas, podem ultrapassar 15 anos de prisão. Mamon é transliteração da palavra hebraica “Mamom”, a qual significa dinheiro ou riqueza.