“Os dois errados”, diz Riedel sobre invasão e despejo em área de confronto

O recrudescimento da tensão entre trabalhadores sem-terra e fazendeiros de Mato Grosso do Sul foi mais uma vez tema de agenda do governador Eduardo Riedel (PSDB) nesta sexta-feira (24).

Depois de falar sobre o assunto, de manhã em Campo Grande, o governador voltou ao tema nesta tarde, ao participar da troca de comando da Polícia Militar e do DOF (departamento de Operações de Fronteira), em Dourados (a 251 km da Capital).

Em discurso durante o ato militar, Riedel afirmou que MS é o “Estado da legalidade e assim vai continuar”. Depois, em entrevista coletiva, abordou o assunto mais uma vez. Na avaliação do governador, tanto os sem-terra que invadiram a fazenda em Japorã no sábado (18), quanto os proprietários rurais que se uniram para fazer o despejo à força, estão errados.

Direito de propriedade – A tensão no campo foi abordada inicialmente pelo deputado estadual Coronel David (PL). Representante da segurança pública na Assembleia Legislativa, o oficial da reserva da PM discursou na solenidade e aproveitou para cobrar ações contra as invasões de terra.

“Há alguns dias, um deputado federal de São Paulo, usando de suas prerrogativas, estimulou e incitou a invasão de terra. Que isso não aconteça aqui em Mato Grosso do Sul! Tenho certeza absoluta que o senhor governador empenhará todos os recursos possíveis para conter essa onda de criminalidade. MS precisa continuar sendo o berço da tranquilidade, da segurança jurídica e do respeito ao direito de propriedade”, afirmou o deputado.

David não citou nome, mas ele se referiu ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que postou vídeo em rede social defendendo os sem-terra e criticando o despejo forçado em Japorã.

Estado da legalidade – Riedel respondeu ao discursar no encerramento do ato. “Aqui vamos manter a ordem. Não há possibilidade de perdermos o rumo. A orientação expressa é que tenhamos tranquilidade de prosperar. Todas as reivindicações são legítimas. Não existe legalidade de direita ou de esquerda. Existe legalidade e este é um Estado de legalidade”.

Logo após o encerramento, o governador concedeu entrevista coletiva, falou mais sobre o assunto e chamou de “modelo antigo” a criação de acampamentos para pressionar por reforma agrária.

“Se a política do governo federal é fazer reforma agrária, que coloque no orçamento, compre as propriedades e faça. Não podemos aceitar nenhum tipo de transgressão da legalidade. Se há invasão, se há expulsão ilegal, ambos estão errados. Aqui não cabe dizer quem começou, mas não podemos aceitar esse tipo de situação”, declarou Eduardo Riedel.

Ele afirmou que seu governo já está conversando com as lideranças para “distensionar” e prometeu apoio do governo aos assentados rurais, para aumentar a produção e facilitar a comercialização de produtos da agricultura familiar.

“Se querem ampliar a reforma agrária, que façam no caminho da legalidade”, afirmou Eduardo Riedel, que é produtor rural, já presidiu o Sindicato Rural de Maracaju e a Famasul (Federação da Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul).

Comandantes – Nesta sexta em Dourados, Eduardo Riedel empossou o coronel PM Everson Antônio Rozeni como diretor do DOF. Ele substitui o coronel Wagner Ferreira da Silva, que vai atuar na Secretaria de Justiça e Segurança Pública.

O governador também acompanhou a posse do coronel Rodrigo Alex Potrich no Comando de Policiamento de Área-1, função que era exercida por Everson Rozeni. O CPA é uma espécie de comando regional da PM, responsável pelos batalhões e pelotões da região.

Outro empossado hoje foi o tenente-coronel Samuel Castilho Ferreira Aragão, no comando do 3º Batalhão da Polícia Militar. Ele ocupa o lugar do tenente-coronel Helbert Davyson Romeiro de Souza, que assume a função de ajudante de ordens do vice-governador José Carlos Barbosa (PP).