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Interior

Pai avisou filho pouco antes de casa ser tomada por lama de barragem

A chácara onde os dois moram, em Jaraguari, ficou tomada por água e lama

Por Lucas Mamédio e Antonio Bispo | 20/08/2024 17:49
Rogério e Igor olham para cômodo atingido por lama (Foto: Henrique Kawaminami)
Rogério e Igor olham para cômodo atingido por lama (Foto: Henrique Kawaminami)

O que é todo dia motivo de “bronca” dentro de casa, pode ter salvado a vida do adolescente Igor Pedroso dos Santos, de 14 anos. Como todos de sua idade, o jovem passa muito tempo mexendo no celular, o que fazia seu pai, o caminhoneiro Rogério Pedroso do Santos, de 48 anos, sempre chamá-lo atenção.

Porém, foi estar no celular na hora certa, que permitiu Igor ter atendido a ligação do pai, que avisava sobre o rompimento da barragem da represa do loteamento de luxo, Nasa Park, a cerca de 8 quilômetros da chácara onde moram, na zona rural de Jaraguari.

“Eu sempre brigo com meu filho porque ele fica no celular, mas hora que eu mandei, ele viu, graças a Deus”, diz aliviado, Rogério.

O caminhoneiro estava a caminho de Campo Grande, por volta das 7 horas da manhã, quando foi avisado por um amigo que trabalha no loteamento que o rompimento havia acontecido.

Rogério olhado caminhão que ele havia acabado de arrumar o motor (Foto: Henrique Kawaminami)
Rogério olhado caminhão que ele havia acabado de arrumar o motor (Foto: Henrique Kawaminami)
Pés de igor pisam em lama na área da casa em chácara (Foto: Henrique Kawaminami)
Pés de igor pisam em lama na área da casa em chácara (Foto: Henrique Kawaminami)

Ele imediatamente ligou para o filho e pediu que Igor avisasse o tio, que mora ao lado. “Eu fui correndo avisar meu tio, mas estava meio sem entender, daí liguei de novo para meu pai e ele explicou melhor, foi quando entendi”.

A orientação do pai, era que o filho subisse até perto da BR-163, a cerca de 50 metros, uma parte mais alta, para que se livrasse do perigo. Igor seguiu a orientação, mas ainda viu a água chegando. “Eu saí correndo. Meu tio ainda tentou pegar os porcos, mas eu fiquei com medo da 'onda' me pegar”, explicou.

Por ter sido avisado cedo, Rogério conseguiu voltar antes da rodovia ser atingida, mas não foi até a casa imediatamente. Encontrou o filho e o irmão na beira da estrada.

Quando desceram até a chácara de novo, o cenário era de destruição. Apesar das vidas preservadas, o dano material é incalculável. A lama e a água invadiram todos os cômodos.

Um caminhão que Rogério havia acabado de arrumar o motor, tendo gasto R$ 25 mil, foi atingido pela água. Animais de criação para venda, como porcos e galinhas foram levados. Um tanque onde criava peixe também foi destruído.

Utensílios jogados pela casa após água e lama passarem (Foto: Henrique Kawaminami)
Utensílios jogados pela casa após água e lama passarem (Foto: Henrique Kawaminami)

“Eu não acreditei. Perdi todo meu maquinário, ferramentas, compressor, meus móveis, geladeira, cama, eu perdi tudo”, lamenta Rogério.

Ainda atordoado, sem saber o que fazer, ele diz que pretende dar um jeito de passar a noite ali. Porém, reclama da falta de informação. “Não veio ninguém aqui, a Defesa Civil, ninguém do Estado. A gente não sabe o que fazer”.

Posição do Governo - O governo do Estado emitiu uma nota explicando todas as medidas que estão sendo tomadas para conter, dimensionar e reconstruir as áreas impactadas pelo rompimento da barragem de uma represa no loteamento de luxo, Nasa Park, em Jaraguari, a cerca de 8 quilômetros da BR-163, na manhã desta terça-feira (20). Segundo o governo, estão no local equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).

Pequena represa onde rogério criava peixe para vender (Foto: Henrique Kawaminami)
Pequena represa onde rogério criava peixe para vender (Foto: Henrique Kawaminami)

O trabalho da Defesa Civil consiste em monitorar o local e, junto aos Bombeiros, também está avaliando os danos causados pelo incidente, podendo adiantar que já foi identificada uma residência totalmente atingida pela água, além de danos parciais em duas estruturas de criação de animais.

Possíveis impactos ambientais também estão sendo levantados pelo Imasul, com apoio da Defesa Civil. Um sobrevoo com avião já foi realizado e drones também são usados para avaliar o caso. Também é analisado se o empreendimento está em conformidade com as legislações ambientais, de recursos hídricos e de segurança de barragens.

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