Paraguai reforça policiamento em Pedro Juan após atentado
Ministro do Interior do Paraguai esteve hoje na fronteira com MS, onde 4 pessoas morreram
O Ministério do Interior do Paraguai enviou hoje (25) um contingente de forças táticas da Polícia Nacional a Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande. A medida é uma resposta ao protesto de moradores e comerciantes da cidade que pedem mais segurança e presença do estado para conter a “zona de guerra” instalada na fronteira Paraguai-Brasil.
Nesta terça-feira, um dia após o atentado que deixou quatro mortos e 11 feridos em uma boate no Centro de Pedro Juan, o ministro do Interior paraguaio, Lorenzo Lezcano, esteve na cidade e anunciou medidas para tentar acabar com a guerra entre facções pelo controle do tráfico de drogas e armas na fronteira seca.
“Trouxemos reforço de contingente da força tática e de apoio técnico. Pretendemos identificar os autores desses crimes e colocá-los à disposição do Ministério Público”, afirmou o ministro em entrevista coletiva em Pedro Juan.
Durante sua visita à fronteira, ele manteve reuniões com a cúpula da Polícia Nacional no departamento de Amambay. “Com mais presença de agentes nas ruas e mais patrulhas com motocicletas, vamos garantir mais segurança à população”, disse Lezcano.
Olhos vendados – Ontem, o presidente da Câmara de Comércio de Pedro Juan, Alejandro Benítez, disse que a polícia está “de olhos vendados” para a escalada da violência na cidade e criticou a falta de ação policial para prender os criminosos. Moradores e jornalistas locais acusam autoridades policiais e do Judiciário de proteger os líderes das facções criminosas instaladas na fronteira.
O ministro Lorenzo Lezcano afirma que após a morte de Jorge Rafaat, em junho do ano passado, houve “aumento pontual” da violência em Pedro Juan, Bella Vista Norte, Capitán Bado e Zanja Pytá, todas cidades vizinhas de Mato Grosso do Sul.
Atentado - A chacina na boate After Office ocorreu na madrugada de ontem em uma casa noturna que tinha sido inaugurada na noite de domingo. Dois homens armados com fuzil e pistola chegaram em um Prisma branco e começaram a atirar.
Morreram no local Felipe Alves, o “Filhote”, Ivanilton Moretti, 36, o “Grandão”, que seriam membros do PCC (Primeiro Comando da Capital). Também morreram as namoradas deles, Sabrina Martins dos Santos, 25, e Gabriele Oliveira Antonello, 18, moradoras de Ponta Porã.
O brasileiro conhecido na fronteira como “Galã” e apontado como o responsável pela organização do assassinato de Jorge Rafaat Toumani seria o alvo do atentado, mas ele não foi atingido.
Onze pessoas ficaram feridas pelos tiros: Valter Ulisses Martins Silva, 21, Leandro Maciel Bittencourt, 21, Denis Kawasoko, Pedro Lucas de Moraes, Carlos Augusto Coronel Freitas, 21, Víctor Inocencio Benítez Rivas, 28, Sergio Javier Orlando, 21, Jessica Paola Romero, Jorge Enrique Yunis 21, Carolina Fernández, 19 e Amado Bazán, 17.
Comerciante nega – Na manhã de ontem, policiais paraguaios fizeram buscas na casa de um comerciante e pecuarista brasileiro em Pedro Juan Caballero. Jonathan Jimenez não estava em casa, mas a polícia encontrou um fuzil na residência.
Hoje, em entrevista a emissoras de rádio da cidade, o brasileiro negou envolvimento na chacina e disse que estuda entrar com ação contra a Polícia Nacional e o Ministério Público paraguaio. Jonathan é primo do narcotraficante Jarvis Gimenez Pavão, que está preso em Assunção e é acusado pelo governo paraguaio de ser aliado do PCC.