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Interior

Polícia faz buscas em esconderijo de matadores do traficante “Gringo”

Casa em Pedro Juan Caballero teria sido usada para planejar execução de Clemencio González

Por Helio de Freitas, de Dourados | 08/05/2024 11:09
Policiais na casa onde pistoleiros teriam se reunido para planejar execução (Foto: Divulgação)
Policiais na casa onde pistoleiros teriam se reunido para planejar execução (Foto: Divulgação)

A Polícia Nacional e o Ministério Público do Paraguai localizaram a casa usada como esconderijo dos pistoleiros que executaram o narcotraficante Clemencio González Giménez, 64, o "Gringo", domingo (5), em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS).

Segundo investigadores paraguaios, os matadores se reuniram na casa localizada no Jardim Aurora para planejar o crime. O carro usado pelos pistoleiros, um HB20 com placa de São Paulo, foi encontrado queimado minutos após o ataque.

Em guerra com grupo rival desde setembro do ano passado, “Gringo”, que figurou na lista dos bandidos mais procurados do Paraguai e tinha patrimônio milionário, estava escondido em modesto conjunto de quitinetes no Bairro Obrero.

No domingo à tarde, homens armados com fuzis e pistolas invadiram o local e mataram o traficante com pelo menos 37 tiros. Sentado no sofá, ele não teve tempo de reagir. A polícia acredita que gente da confiança de Gringo o traiu, revelando seu esconderijo.

Segundo o promotor de Justiça Andrés Cantalupi, a casa usada pelos pistoleiros fica a dois quarteirões da mansão de Clemencio González. Na residência, foram recolhidas evidências que poderão ajudar nas investigações. O dono do imóvel apresentou contrato comprovando que a casa estava alugada para um cidadão paraguaio.

Fahd Jamil – Um dos últimos traficantes da “velha guarda” da linha internacional entre Paraguai e Mato Grosso do Sul, Gringo González tinha como padrinho o ex-rei da fronteira Fahd Jamil. Depois, se aliou ao narcotraficante brasileiro Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.

A mansão dele no Jardim Aurora ficou conhecida após o traficante mandar construir no quintal uma capela semelhante à Basílica da Virgem de Caacupé, a padroeira do Paraguai.

Em decadência nos últimos anos, principalmente com a ascensão do PCC (Primeiro Comando da Capital), Gringo era apontado como mandante de vários assassinatos na fronteira seca.

Em 2004, quando estava na lista de procurados da polícia, Clemencio González foi acusado de mandar executar Felicio Amado Acosta Martinez, motorista do ônibus envolvido em acidente que matou o irmão de Gringo, Félix González.

Dias depois do acidente, pistoleiros armados invadiram a casa de Felicio e o sequestraram. Horas depois, o corpo foi encontrado crivado por ao menos 50 tiros.

Gringo no dia em que foi preso em 2021; ele foi solto em seguida (Foto: Arquivo)
Gringo no dia em que foi preso em 2021; ele foi solto em seguida (Foto: Arquivo)

Resgate de cocaína – Em 2015, Clemencio Gonzalez foi acusado de resgatar 250 quilos de cocaína da sede da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero. Ele foi gravado por câmeras de monitoramento retirando pessoalmente as bolsas com a droga, apreendida dias antes na fazenda dele.

Dois anos depois, Gringo entrou em guerra com o PCC. Na capital, Asunción, uma caminhonete dele foi alvejada a tiros por integrantes da facção criminosa.

O alvo era Willian Giménez Bernal, 28, funcionário de Clemencio González, mas os tiros acertaram o filho de Willian, de 5 anos de vida. Em depoimento, um sobrevivente do atentado disse que, ao ver o filho morto, Willian apontou a pistola para a própria cabeça e se matou.

Filho fuzilado – Em setembro do ano passado, o filho de Gringo, Charles González Coronel, foi morto a tiros de fuzil em plena luz do dia no centro de Pedro Juan Caballero. Ao lado do corpo do filho, Gringo jurou vingança. Testemunhas afirmaram que ele chegou a passar o sangue do filho no peito, sinal usado no crime organizado para dizer que cobraria a “fatura”.

Em outubro, quatro brasileiros foram executados com tiros na cabeça em uma casa em Pedro Juan Caballero. As vítimas foram identificadas como Gabriel dos Santos Peralta, 16, Xilon Henrique Vieira da Silva, 20, Luan Vinícius Cândia da Silva, 17, e Jonas Wesley Morais Deterfam, 18. Seriam os autores da morte de Charles González.

Após a chacina, Gringo passou a ser caçado pelo chefe do cartel rival. Para não ser localizado, abandonou sua mansão e passou a trocar de endereço constantemente. Vizinhos afirmaram que ele morava na quitinete onde foi morto há menos de dois meses.

“Alguém próximo a ele deve ter revelado onde Gringo estava escondido”, afirmou o comissário Ignacio Muñoz, chefe da Polícia Nacional em Amambay.

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