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Interior

Presidente da Funai percorre palcos de guerra entre índios e fazendeiros

Antonio Costa inicia agenda amanhã em Amambai, onde participa de reunião com grupo do cacique Nizio Gomes, morto em 2011

Helio de Freitas, de Dourados | 08/02/2017 10:39
Índios do acampamento Guaiviry, onde presidente da Funai inicia visita amanhã (Foto: Divulgação)
Índios do acampamento Guaiviry, onde presidente da Funai inicia visita amanhã (Foto: Divulgação)
Nizio Gomes foi assassinado por seguranças, segundo MPF (Foto: Divulgação)
Nizio Gomes foi assassinado por seguranças, segundo MPF (Foto: Divulgação)

O presidente da Funai, Antonio Costa, inicia amanhã (9) a visita de três dias a comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul. Ele vai percorrer acampamentos dos guarani-kaiowá em Amambai e dos terena em Aquidauana. Ele vai participa do fórum de caciques, em Sidrolândia.

A primeira visita de Antonio Costa será na tarde desta quinta-feira ao acampamento Guaiviry, no município de Amambai, a 360 km de Campo Grande. O grupo é liderado pelo filho do cacique Nizio Gomes, desaparecido em 2011 após um ataque de seguranças de fazendeiros.

A comunidade Guaiviry luta pela demarcação de duas fazendas localizadas nas margens da MS-386, rodovia que liga Ponta Porã a Amambai. Na sede de uma das fazendas, ocupada desde 2015, Antonio Costa participa de uma reunião do o Aty Guasu, organização que representa os índios de Mato Grosso do Sul.

Na sexta-feira (10), o presidente da Funai se reúne com o Conselho Terena das áreas indígenas Taunay e Ipegue, no município de Aquidauana. Na manhã de sábado, participa de reunião com o Fórum dos Caciques, em Sidrolândia.

Guaiviry – Os índios do acampamento Guaiviry, em Amambai, têm um longo histórico de luta pela terra. A demarcação é reivindicada desde 2004.

Em 18 de novembro de 2011, alguns dias após invadirem uma das fazendas reivindicadas, o acampamento foi atacado por seguranças de fazendeiros e o cacique Nizio Gomes desapareceu.

O MPF (Ministério Público Federal) concluiu que ele foi assassinado por pistoleiros durante a tentativa de despejo forçado dos índios, mas o corpo nunca foi encontrado.

Em 2012, 19 pessoas foram indiciadas pelo assassinato de Nizio, entre fazendeiros, advogados, o então presidente do Sindicato Rural de Aral Moreira e vigilantes da empresa de segurança Gaspem, que teria sido contratada pelos fazendeiros para a ação contra os índios.

Os acusados respondem por homicídio qualificado, lesão corporal, ocultação de cadáver, formação de quadrilha, porte ilegal de arma de fogo e corrupção de testemunha.

Novas invasões – Em 2015, os índios de Guaiviry ocuparam mais duas propriedades, a Três Poderes e Água Branca, localizadas na região conhecida como “Tagi”, onde Antonio Costa vai estar amanhã.

As ocupações foram uma resposta às decisões do juiz federal Fábio Kaiut Nunes, da 1ª Vara da Justiça Federal em Dourados, principalmente a que negou o pedido do MPF para que o dono da Gaspem Segurança, Aurelino Arce, fosse condenado a indenizar os índios em R$ 480 mil por danos morais coletivos.

A Gaspem foi fechada em janeiro de 2014, por determinação da Justiça. Arce cumpre prisão domiciliar pela morte de Nizio Gomes. Desde 2007 existe um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) pactuado com o Ministério Público Federal para as demarcações em Mato Grosso do Sul.

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