Secretária de Coronel Sapucaia é procurada por tráfico e roubo de carros
Rosangela Almeida, a Baixinha, 38 anos, uma das 21 pessoas investigadas na Operação Dublê, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), ocupou até ontem a Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer do município de Coronel Sapucaia, a 400 quilômetros de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai. Ela e outros quatro acusados de tráfico de maconha e roubo de veículos estão foragidos há uma semana.
A quadrilha ficou conhecida por usar veículos de luxo para transportar grandes cargas de maconha. Esses carros usavam placa e documento de veículos legais – esquema conhecido como dublê. A maioria chegava a Dourados em caminhões-cegonha, misturados a outros veículos, e depois seguiam para a fronteira, onde era trocados por maconha ou usados para transportar a droga para São Paulo e Goiás.
O Gaeco não detalhou qual era o papel de Rosangela Almeida na quadrilha. Hoje de manhã o Campo Grande News procurou o coordenador estadual do grupo, promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, e a promotora do Gaeco em Dourados, Cláudia Almirão, mas a informação é de que eles estão viajando.
Na prefeitura de Coronel Sapucaia a informação é de que Rosangela está afastada do cargo, mas a atendente disse não saber o motivo. Já o chefe de gabinete, Jean Lunardi, informou que Rosangela foi exonerada pela prefeita Nilcéia Alves de Souza (PR) logo após a imprensa divulgar o nome da secretária como um dos integrantes da quadrilha.
“Assim que tomou conhecimento a prefeita determinou a exoneração da Rosangela do cargo de secretária. Enquanto ocupou o cargo ela cumpriu com as obrigações da função e não demonstrou nada que pudesse levantar suspeita”, afirmou o chefe de gabinete. Segundo ele, o cargo ficará vago por enquanto, já que a prefeita só deve nomear um substituto em 2015.
Segundo Jean Lunardi, a recondução de Rosangela do posto de secretária para o cargo de professora do ensino fundamental foi assinada pela prefeita na sexta-feira, um dia após a operação do Gaeco, e publicada no Diário Oficial da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul) de ontem, dia 3. No site da prefeitura de Coronel Sapucaia, Rosangela continua aparecendo como secretária municipal de Juventude, Esporte e Lazer.
Jean Lunardi informou que Rosangela é professora concursada do município e ocupava o cargo no primeiro escalão da prefeita Nilcéia de Souza desde 1º de janeiro de 2013. Filiada ao mesmo partido da prefeita, Baixinha disputou a eleição de 2012 como candidata à vereadora, mas não conseguiu se eleger. Ela recebeu 220 votos.
Outros envolvidos no crime – Além de Rosangela, juiz Rubens Witzel Filho, da 1ª Vara Criminal de Dourados, decretou a prisão de outras 20 pessoas por envolvimento com a quadrilha de traficantes. Nove já estavam em presídios, de onde continuavam ajudando o bando a arregimentar comparsas e distribuir a droga, sete foram recolhidas na semana passada e quatro estão foragidas.
Os acusados que já se encontravam presos são Douglas Neves de Souza, Emerson José Neves de Lira, Franklin Almada Ajala Ferreira, Geanderson da Silva Banheza, Ailton Luiz Schweich, Murilo Toledo Pacheco, Kamila Gomes de Aguiar, Wesley Neves de Castro e Danilo Alves de Jesus da Silva.
Os que estavam em liberdade e foram presos pelo Gaeco são Maria Muniz da Silva, moradora em Goiânia e apontada como uma das chefes da quadrilha; Luciana Alvez Borges, Wagner Moreira da Silva, sobrinho de Maria e que foi preso em Coronel Sapucaia; Jairo Rodrigo Censi Casari, preso em Dourados; Danilo Aparecido da Silva, preso em Barrinha (SP); Gival Batista de Souza e Srimati Radharani Gonçalves Paula Passos, 20 anos, também presa em Coronel Sapucaia.
Os foragidos são Rosangela Almeida, Diego Peralta Carneiro, Felipe Néri Colman Lopes, Isabella Alves da Silva e Edinei Pedroso de Moraes, o “Cupim” ou “Neno”, um ex-agricultor familiar de 32 anos, apontado pelo Gaeco como um dos principais cabeças da quadrilha.
Edinei é considerado extremamente violento e perigoso e seria o responsável em ordenar roubos, assassinatos e latrocínios para atingir seus objetivos. Segundo o Gaeco, ele está escondido em território paraguaio, na região de Capitán Bado, onde mantém uma base de operação.
O esquema – Conforme o Gaeco, os carros de luxo roubados ou furtados ganhavam novos documentos em Goiás, chegavam a Mato Grosso do Sul e depois seguiam para a fronteira, onde eram recheados com maconha, voltavam para Dourados e depois eram levados para São Paulo e cidades goianas.
Para conseguir passar pela polícia, a quadrilha usava batedores e “olheiros”, que ficavam em postos de combustíveis ao longo das estradas observando a movimentação da polícia e passavam informação aos condutores dos veículos.