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Interior

Tensão entre índios e sitiantes continua em área perto de aldeia

Proprietários de sítios ao lado da aldeia Bororó afirmam que índios fazem terrorismo para forçá-los a abandonar as terras

Helio de Freitas, de Dourados | 16/11/2018 10:16
Índios acampados perto de sítios vizinhos à aldeia Bororó, em Dourados (Foto: Reprodução)
Índios acampados perto de sítios vizinhos à aldeia Bororó, em Dourados (Foto: Reprodução)

Proprietários de sítios vizinhos à reserva indígena de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, denunciam novas tentativas de invasão. Eles afirmam que nos últimos dias, os índios fazem gritaria durante a madrugada, ameaçando entrar nas propriedades e colocar fogo nas casas.

“Eles vêm durante a madrugada, nesta semana começaram a gritar e nos ameaçar umas 2h. ficam no escuro gritando, fazendo terrorismo, para que a gente deixe as terras”, afirmou ao Campo Grande News o proprietário de um dos 30 sítios localizados a 2 km da Avenida Guaicurus, na região oeste do município.

A tensão entre sitiantes e grupos indígenas ocorre desde março de 2016, quando propriedades localizadas entre o anel viário e a reserva indígena foram invadidas. Cinco continuam em poder dos índios.

Os sitiantes denunciam que os índios são de outras regiões de Mato Grosso do Sul e que não teriam apoio nem mesmo de boa parte dos moradores das aldeias Bororó e Jaguapiru. “Sempre tivemos boa amizade com os moradores da reserva. Esses índios são de outras regiões, alguns fugitivos da Justiça”, denuncia um sitiante que pediu para não ter o nome divulgado temendo represálias.

Já os índios afirmam que parte da reserva indígena de Dourados – criada em 1917 – desapareceu ao longo dos anos e suspeitam que tenha sido expropriada por agricultores brancos para plantio de soja e milho.

No dia 7 deste mês, durante visita da comissária Antonia Urrejola Noguera, integrante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), lideranças indígenas afirmaram que as “retomadas” (ocupações) vão continuar.

“Não adianta chorar. Os Guaranis e os Kaiowás ainda existem e nós vamos ocupar nossa terra. Não aguentamos mais tanto sofrimento. Hoje mesmo teve tiroteio. A polícia só vem para levar os corpos dos finados”, afirmou o cacique Getúlio de Oliveira.

A área onde os sitiantes denunciam tentativas de invasões já foi palco de dois confrontos entre índios, moradores e seguranças contratados pelos proprietários rurais. No dia 6 de outubro, pelo menos sete índios ficaram feridos por balas de borracha.

Os moradores reclamam de descaso das forças de segurança pública, assim como os índios, que se dizem vítimas dos ataques. Ontem (15), uma equipe do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) foi ao local, mas os grupos continuam acampados perto dos sítios.

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