Em 20 dias, índios denunciam 2º ataque de seguranças a acampamento
Ataque teria sido praticado por seguranças armados; seis índios ficaram feridos, segundo moradores da aldeia Bororó
Índios que ocupam sítios ao lado da reserva indígena denunciam outro ataque armado ao acampamento, na madrugada deste domingo (28), em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Pelo menos seis pessoas teriam sido feridas a tiros de bala de borracha e de munição verdadeira.
Moradores da aldeia Bororó ouvidos pelo Campo Grande News afirmam que o ataque partiu de seguranças contratados por proprietários das terras nos arredores da reserva.
Foi o segundo caso em 20 dias. No dia 6 deste mês, vários índios ficaram feridos com balas de borracha no ataque feito por homens que estavam em caminhonetes e num trator.
A grade dianteira de uma Toyota Hilux com a placa foi recolhida pelos índios. Eles esperam a ida da Polícia Federal ao local para entregar a placa. “Vai ajudar a polícia a descobrir o dono”, afirmou um morador da aldeia.
Grupos indígenas reivindicam a demarcação de dezenas de sítios nos arredores das aldeias de Dourados, que ficam ao norte do município.
A Funai alega que parte das terras da reserva criada em 1917 foi expropriada por fazendeiros. Cinco sítios estão invadidos desde março de 2016.
Os sitiantes rebatem a alegação da Funai e afirmam terem documentos de compra das terras. Alguns deles herdaram os sítios dos pais e avós.
Ataque de hoje – O ataque teria ocorrido na área de uma empresa de materiais recicláveis, onde índios foram presos no início deste mês acusados de roubo e de manter os caseiros de reféns.
Proprietários dos sítios negam os ataques e afirmam que os seguranças foram contratados para impedir novas invasões. Segundo eles, os ataques partem dos índios.
No dia 15 deste mês, o Campo Grande News mostrou o drama de sitiantes nos arredores da reserva que não conseguiam plantar soja por causa dos conflitos.
“Se não fossem os seguranças já teríamos abandonado as terras ou estaríamos mortos, porque eles falam que querem minha casa, comer meus animais. Desde o dia primeiro de outubro tirei minha família de lá, temendo o pior”, disse na época o sitiante Nelson Amaral de Assunção.