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Interior

Traficante brasileiro é acusado de tramar morte de presidente do Paraguai

Jornal de Assunção publicou hoje que Jarvis Gimenes Pavão ofereceu 5 milhões de dólares pela morte de Horácio Cartes ou algum de seus familiares por perder regalias em presídio paraguaio

Helio de Freitas, de Dourados | 02/09/2016 09:09
Jarvis Pavão teria levado pistoleiros do Brasil para executar Horácio Cartes (Foto: ABC Color)
Jarvis Pavão teria levado pistoleiros do Brasil para executar Horácio Cartes (Foto: ABC Color)

O traficante brasileiro Jarvis Gimenes Pavão, acusado de mandar matar o ex-sócio e concorrente Jorge Rafaat para assumir o controle do crime organizado na fronteira seca do Brasil com o Paraguai, voltou às manchetes da imprensa paraguaia nesta sexta-feira (2).

O Jornal Hoy, um dos mais influentes do país vizinho, revelou que Pavão ofereceu 5 milhões de dólares pela cabeça do presidente do Paraguai, Horácio Cartes.

De acordo com o jornal, pistoleiros brasileiros estão em território paraguaio para cumprir as ordens de Pavão, que teria determinado a execução de Cartes ou de um de seus familiares como represália por perder regalias após a transferência do presídio de Tacumbú para um quartel do grupo especializado da Polícia Nacional, onde está recolhido há 40 dias.

Dinamite – Em julho, Horácio Cartes determinou a transferência de Jarvis Pavão após a descoberta de um plano de fuga que incluía o uso de dinamite para explodir o muro do presídio. O episódio causou uma crise política e a então ministra da Justiça Carla Bacigalupo foi demitida por não cumprir a ordem presidencial.

Após a transferência, o governo paraguaio descobriu que Pavão vivia no luxo dentro do presídio e ocupava um espaço vip com cinco salas luxuosas, construídas e decoradas por ele com a conveniência de funcionários da cadeia. As celas foram demolidas em agosto.

Prejuízo aos negócios – Citando fontes próximas ao presidente Cartes, o Hoy revela que a ordem de Jarvis Pavão seria uma reação também às ações desencadeadas pelo governo paraguaio contra o narcotráfico, afetando diretamente os negócios da organização criminosa.

A imprensa paraguaia revelou, após a descoberta do “espaço 5 estrelas” no presídio, que Jarvis Pavão tinha inclusive uma sala de reuniões, onde recebia políticos, empresários e comparsas do narcotráfico.

Segundo o jornal Hoy, a ofensiva ao narcotráfico no Departamento de Amambay, cuja capital é Pedro Juan Caballero, é a maior da história do país vizinho e Horácio Cartes se tornou o presidente que mais reprimiu o crime organizado, o que afeta em cheio os negócios do novo chefão da fronteira.

A história de Pavão – Natural de Ponta Porã, onde tem familiares inclusive com influência na política local, Jarvis Pavão se tornou traficante internacional depois que se instalou em Balneário Camboriú (SC) na década de 90 e assumiu a distribuição de drogas na região sul do país.

Condenado a 17 anos de prisão por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em Santa Catarina, Pavão se refugiou no Paraguai, onde se tornou ainda mais poderoso e se aliou até às Farc (Forças Revolucionárias da Colômbia).

Também se aliou a Jorge Rafaat e foi preso no final de 2008 em uma fazenda na região de fronteira com o Brasil. Em junho deste ano foi acusado de tramar a execução de Rafaat, ocorrida no centro de Pedro Juan Caballero.

Atualmente Jarvis Pavão cumpre pena de oito anos no Paraguai e existe um pedido do governo do Brasil para a extradição dele para o território brasileiro. O processo está em andamento na Suprema Corte do Paraguai.

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