Última vereadora da "farra das diárias" é cassada por unanimidade
A vereadora Lucineide Marques Nossa, a Lucineide Friosi, teve o mandato cassado por unanimidade, 11 x 0, em sessão de julgamento que ocorreu no inicio da noite desta quarta-feira (10), na Câmara Municipal de Ribas do Rio Pardo, a 103 km de Campo Grande. A agora ex-vereadora faz parte do grupo de oito vereadores afastados do cargo por envolvimento no escândalo da “Farra das Diárias”, investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação e Repressão ao Crime Organizado), que inclusive teve repercussão na imprensa nacional. Dos outros sete, três foram cassados e quatro renunciaram.
A presidente da Comissão Processante, vereadora Sônia Passos, fez a leitura do relatório por quase uma hora e passou a votação, não ocorrendo a hora de defesa da parlamentar, que não compareceu a sessão. Ela enviou a mesa diretora justificativa que dá conta que está em internação hospitalar.
Lucineide, que antes de chegar ao Legislativo, passou por importantes cargos no município como Prefeita e de primeira dama, perdeu o atual cargo após as denuncias, que levou a afastamentos dos cargos e até prisões dos oito envolvidos. Todo o escândalo, em parte, se encerrou hoje com a cassação da última das denunciadas que foi afastada pela Justiça, mas foi à única que conseguiu retornar ao cargo.
A parlamentar foi cassada pelas acusações de improbidade administrativa e crime de concussão, processo que também responde na Justiça desde quando sua ex-assessora Ester Pereira Souza, a denunciou em novembro de 2013, por ser obrigada a devolver parte de seu salário.
Grupo
Os outros três cassados foram: Ângelo da Silva (PSC), Cláudio Roberto Siqueira Lins (PT do B) e Fabiano Duarte da Silva (SSD), que também perderam mandatos em votação unânime. Os quatro que renunciaram foram: Diony Erick de Souza (PROS); Adalberto Domingues, o Betinho, ex-presidente da Casa; Justino Machado Nogueira (PSC) e Célia Regina Ribeiro (PSDB).
Os oito vereadores foram afastados em novembro do ano passado pelo juiz da comarca do município. Eles são acusados de fraudarem licitações e por forjarem documentos para o recebimento de diárias no escândalo. O vereador Betinho, ex-presidente da Câmara, tem a acusação de comandar a “farra das diárias”. Ele renunciou ao mandato em fevereiro.
O Caso
Em novembro de 2014, o Gaeco realizou a Operação Viajantes, e descobriu que vereadores de Ribas do Rio Pardo recebiam valores que variavam entre R$ 6 mil e R$ 8 mil com o pagamento de diárias, muitas delas que nunca aconteceram. O Ministério Público também investigou contratos superfaturados na Câmara, e desmantelou um esquema que desviou mais de R$ 3,5 milhões e que envolvia além dos parlamentares, servidores da Câmara e empresários do município.
Segundo investigação do Gaeco e Promotoria de Justiça, os vereadores faziam saques de dinheiro em um supermercado do município, pagavam pensão alimentícia com dinheiro público, forjavam relatórios de viagens e ensinavam os colegas a seguir com os esquemas fraudulentos.
O grupo também é acusado de contratar empresas sem licitação ou por procedimentos licitatórios que não passavam de farsa, para beneficiar empresas de familiares e de amigos dos agentes públicos.