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Cidades

Movimento dos caminhoneiros foi “sequestrado” por oportunistas, afirma Marun

Ministro afirma que, após identificar que causa dos protestos deixou o foco do preço dos combustíveis, governo federal desistiu de negociações e passou a agir para liberar estradas

Humberto Marques | 01/06/2018 19:17
Marun criticou apropriação de movimento dos caminhoneiros por outros grupos. (Foto: Paulo Francis)
Marun criticou apropriação de movimento dos caminhoneiros por outros grupos. (Foto: Paulo Francis)

O protesto nacional dos caminhoneiros, que pressionou o governo federal a alterar a política de preços da Petrobras e desonerar o preço do óleo diesel, acabou “sequestrado por caroneiros oportunistas”, afirmou na tarde desta sexta-feira (1º) o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo da Presidência da República). Antes de reunião na Superintendência da Caixa Econômica Federal, em Campo Grande, ele reiterou que a gestão de Michel Temer não vai aceitar a radicalização do movimento.

Marun, em entrevista a jornalistas, negou que o governo federal tenha demorado a intervir para impedir os problemas causados com o movimento –que do desabastecimento dos postos de combustíveis atingiu supermercados e impediu que indústria e agropecuária escoassem suas produções, causando prejuízos que, apenas em Mato Grosso do Sul, somaram R$ 180 milhões por dia para o setor empresarial e R$ 170 milhões em impostos.

Segundo o ministro, o governo tratou com lideranças verticais (hierárquicas) e horizontais (entre os protestos) a fim de atingir a liberação de estradas. “Uma pessoa com um WhatsApp com 300 ou 400 caminhoneiros já era considerada liderança”, apontou. “Tivemos 1.450 pontos de bloqueio ou obstrução de rodovia. Então, seriam 1.450 líderes. É humanamente impossível negociar com todos”.

Mesmo assim, o governo federal discutiu etapas do processo com todos, frisou Marun. Ele citou ter se reunido com caminhoneiros responsáveis por um bloqueio em São Paulo (SP), ao lado do governador tucano Geraldo Alckmin.

Apropriação – A partir dessas conversas, Marun afirma que o governo conseguiu avançar na pauta dos caminhoneiros, evoluindo para o fim do movimento. No entanto, ele apontou também um segundo momento da paralisação, na qual a categoria deu lugar a outras vozes em protestos.

Manifestações de caminhoneiros fecharam rodovias pelo país, mas perdeu força com atendimento de pautas. (Foto: Marina Pacheco/Arquivo)
Manifestações de caminhoneiros fecharam rodovias pelo país, mas perdeu força com atendimento de pautas. (Foto: Marina Pacheco/Arquivo)

“Houve o sequestro do movimento por outros tipos de ações, caroneiros oportunistas, que pegaram carona para tentar resolver outras questões ou impor a ruptura do Estado de Direito no Brasil”, afirmou o ministro, referindo-se a outras questões levantadas durante os protestos –incluindo a defesa da intervenção militar no país.

Ele citou declarações levadas ao Planalto pelo lider da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, que acusou haver caminhoneiros que se disseram “coagidos” a não deixarem os protestos. “Não era mais o caso de conversa com os caminhoneiros”, declarou Marun, apontando que “o movimento radicalizou a ponto de promoverem assassinato” –como ele atribuiu o caminhoneiro morto após seu veículo ter sido apedrejado.

“Isso abriu os olhos da sociedade para o que realmente acontecia”, declarou o ministro, argumentando que, neste momento, o governo passou a agir “com força, mas sem violência” para desmobilizar os protestos. Ele descartou, ao menos neste momento, a reedição do decreto de Garantia de Lei de Ordem de Temer, que autorizou o uso de militares para desbloquear estradas e garantir o abastecimento de distribuidoras, “mas se precisar será feito”.

“Não pactuaremos com ações radicais que visem a trazer o desabastecimento e o sofrimento à população”, finalizou Marun.

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