No Dia do Índio, guarani kaiowá de Dourados fará protesto em Londres
Veron é filho de Marcos Veron, assassinado em 2003, e busca na Europa apoio para a causa indígena no MS
O indígena douradense da etnia Guarani-Kaiowá, Ládio Veron, de 50 anos, fará nesta quarta-feira (19) um protesto em frente à embaixada brasileira na capital britânica Londres. O ato acontecerá por volta das 4h30 no horário de MS e 9h30 no horário londrino. As informações são do jornal Folha de São Paulo.
A manifestação acontece justamente no Dia do Índio, e visa mostrar insatisfação contra mudanças na legislação, prejudicando a população indígena do país, e também contra a demora no reconhecimento de terras reivindicadas. Veron é filho de Marco Veron
Nesta terça-feira (18), conforme postagem feita na página do Facebook de Ládio, o indígena apresentou a palestra "Resistindo ao agronegócio e ao estado brasileiro" na SOAS University of London (Faculdade de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, em português).
Além de Ládio, o protesto também deve contar com a participação de membros da entidade Survival Internacional. Segundo a FOlha, ele vai entregar uma carta ao governo brasileiro em Londres, indagando questões como a violação dos direitos indígenas, genocídio dos guarani e o avanço do agronegócio em locais onde índios reivindicam posse.
Veron, antes de ir à Inglaterra, também passou pela Espanha, Grécia e Itália. Ele conta com ajuda da Survival International para buscar apoio à causa indígena em Mato Grosso do Sul, onde os guarani reivindicam 88 áreas.
Morte do pai - Ládio é filho de Marcos Veron, morto em um conflito em Juti, em janeiro de 2003. O crime foi tratado como "Caso Veron" e aconteceu na fazenda Brasília do Sul, que fica na área indígena reivindicada Takuara. No atentado, Ládio também foi sequestrado junto à família. Eles foram atacados por quatro homens armados.
O julgamento dos acusados foi realizado vários anos depois, inclusive, sendo o processo transferido para São Paulo, sob alegação que não haveria isenção suficiente para o caso ser julgado em Dourados.
Ao todo, 24 pessoas foram denunciadas pelo crime, mas a Justiça aceitou a denúncia somente contra quatro. Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde foram condenados por sequestro e tortura. O outro segurança envolvido, Nivaldo Alves de Oliveira, ficou 12 anos foragido e se entregou apenas em 2015.