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Cidades

Número de homicídios cai apesar de chacinas e execuções na fronteira

Ricardo Campos Jr. | 30/10/2015 15:56
Local da chacina em Paranhos (Foto: Direto das Ruas)
Local da chacina em Paranhos (Foto: Direto das Ruas)

Apesar da violência no interior de Mato Grosso do Sul ter ficado em evidência com casos recentes de pistolagem e assassinatos, o número de homicídios dolosos (com intenção) registrados fora da Capital teve queda de 8,12% de janeiro a 30 de outubro deste ano em comparação com o mesmo período de 2014. O percentual foi calculado com base em dados disponibilizados no site da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).

Os números mostram que neste ano 328 pessoas foram mortas na periferia do estado. Maior quantidade foi registrada em janeiro, quando houve 66 vítimas. Somente neste mês, conforme as estatísticas, são 34 casos. Em 2014, nesse mesmo intervalo de tempo, foram 357 assassinatos. Setembro foi o mês mais violento do ano passado, com 17 mortes.

Tragédia – No dia 19 de outubro, chacina com cinco mortos chocou a cidade de Paranhos, a 469 quilômetros de Campo Grande. A polícia do município, localizado na região de fronteira entre Brasil e Paraguai, prefere não divulgar muitas informações acerca do ocorrido, abrindo margem para a disseminação de boatos.

Nas últimas semanas, circulou pela cidade uma história de que existe uma lista com outras cinco pessoas marcadas para morrer. O delegado que investiga o caso, Fabrício Dias dos Santos, afirmou nessa semana que ainda não há suspeitos e garantiu não haver indícios da relação com as próximas vítimas.

Diego Zacaria Alderete Peralta, 26, e Anderson Cristiano, 27, foram os únicos sobreviventes. A reportagem buscou informações sobre o estado de saúde deles, mas o paradeiro dos colegas é desconhecido.

Nesta semana, uma pessoa foi executada e teve o corpo "embalado" em sacos pretos na linha internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, método adotado pelos criminosos da região.

O homem moreno, com idade aproximada de 30 anos, foi morto com dois tiros na cabeça e o corpo deixado numa plantação de eucalipto.

Uma semana antes, Cristian David Candia Silva, 25, foi morto a tiros o corpo deixado dentro de sacos de lixo. Conforme os policiais que atenderam o caso, Cristian foi morto em outro local e o corpo jogado na beira da rua, onde foi encontrado.

Local em que Oscar Goldoni foi morto em setembro, em Ponta Porã (Foto: leo veras)
Local em que Oscar Goldoni foi morto em setembro, em Ponta Porã (Foto: leo veras)

Medo e silêncio – Outro caso emblemático envolvendo pistolagem na fronteira ocorreu no mês passado, em Ponta Porã. Figura política conhecida, ele havia sido prefeito do município, deputado estadual e federal e foi morto ao sair do Detran-MS por dois homens que se aproximaram dele de moto, atiraram e fugiram.

Ao contrário da maioria dos crimes de homicídio que ocorrem quase todos os dias na fronteira do Brasil com o Paraguai, a morte de Goldoni chamou a atenção das autoridades políticas e as investigações ganharam reforço de uma equipe da Garras (Delegacia Especializada na Repressão de Roubo a Banco, Assalto e Sequestro), grupo de elite da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

Porém, passados trinta dias do crime, a polícia não tem nenhuma pista dos pistoleiros nem dos mandantes do assassinato. Várias pessoas foram ouvidas, inclusive dois empresários da cidade, ex-sócios e inimigos atuais de Goldoni, mas o crime continua um mistério, assim como todos os outros que ocorreram antes e depois da morte do ex-prefeito.

O delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã, Patrick Linares da Costa, execuções de pessoas se tornaram tão frequentes na linha entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero que já são vistas como fatos comuns pela população. Para o policial, impera na região a “cultura do medo”.

O delegado diz não se recordar de quantas pessoas já foram ouvidas, mas afirma que o maior número é de testemunhas que só aceitam falar “em off”, ou seja, sem que suas declarações sejam citadas formalmente no inquérito policial.

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