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Cidades

PCC tem a própria lei, com "4 juízes" e até com condenações à morte

Helton Verão e Aliny Mary Dias | 24/05/2013 16:29
Participaram da coletiva o diretor presidente da Agepen, Deusdete de Oliveira; o coordenador da Gaeco, Marcos Alex de Oliveira e do comandante da Polícia Militar, Coronel Carlos Aberto Davi dos Santos (Foto: Marcos Ermínio)
Participaram da coletiva o diretor presidente da Agepen, Deusdete de Oliveira; o coordenador da Gaeco, Marcos Alex de Oliveira e do comandante da Polícia Militar, Coronel Carlos Aberto Davi dos Santos (Foto: Marcos Ermínio)

Em entrevista na tarde desta sexta-feira (24) o coordenador do Gaeco e promotor do MPE (Ministério Público Estadual), Marcos Alex de Oliveira revelou que a facção ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) tinha a sua própria lei interna, com julgamentos e até condenações à morte.

A condenação acontecia independente de onde o “infrator” estava, se fora ou dentro do presídio. O grupo elegeu "4 juízes" para comandar esse processo.

Em 2009, uma integrante mulher conhecida pela facção como a “Dama do Crime” foi condenada à execução por infidelidade. O filho dela, que também participa da organização, concordou com a morte, assinando um “documento” confirmando a sentença.

“Através das investigações descobrimos que acontecia o julgamento interno. Um integrante que usou o nome da facção para cobrar um divida em Água Clara, foi julgado e morto quando já estava preso em Três Lagoas. Com diagnostico de overdose, eles asfixiavam o condenado e depois inseriam um tubo de caneta com cocaína”, explica o promotor.

Segundo o promotor, quando o “condenado” era executado, o recado era passado como o “fulano subiu”.

De acordo com o comandante geral da Polícia Militar, Coronel Carlos Alberto David, não era traçado um perfil de militar. “Eram escolhas totalmente aleatórias com objetivo de afrontar nossas ações de enfrentamento aos crimes”, afirma o coronel.

Desde novembro do ano passado, a polícia afirma que as investigações puderam impedir ataques do PCC a quatro pessoas, entre policiais militares e funcionários da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).

O coronel explica que depois que os planos de executar militares foram descobertos, o comando da PM repassou aos militares recomendações para que o cuidado fosse redobrado.

“Pedimos para nossos policiais adotarem medidas que evitassem qualquer tipo de risco. Falamos para eles mudarem a rotina para não dar oportunidade para os bandidos”.

Ao fim da operação de hoje, o coronel considerou as ações como fundamentais para que novos atentados da facção criminosa não sejam realizadas no Estado. “Conseguimos mostrar nossa força e que somos mais organizados do que eles”, completa David.

Balanço - O resultado final divulgado durante entrevista coletiva na tarde de hoje é de 4 mil reais em dinheiro apreendidos, além  de documentos de comprovante de depósitos e anotações com os detalhes das movimentações bancárias e dos atitudes dos integrantes.

A partir de investigações feitas com escutas telefônicas e rastreamento de contas bancárias, a Polícia montou um organograma do PCC em Mato Grosso do Sul e conseguiu frustrar a execução de agentes da segurança pública. O plano era de executar um policial militar em Campo Grande e outros dois agentes penitenciários em Corumbá e Paranaíba.

De novembro até maio deste ano, a organização movimentou cerca de R$ 3 milhões para financiamento do tráfico, com roubos e outros crimes no Estado. A investigação identificou 140 contas bancárias em nome de pessoas ligadas ao PCC. Todas já foram bloqueadas.

No mesmo período, 170 celulares também foram apreendidos, para coibir a comunicação dos presos com os membros da organização fora dos presídios.

O Ministério Público divulgou o nome e as fotos das onze pessoas com mandado de prisão em aberto porque os criminosos não foram localizadas durante a Operação “Blecaute”.

Na lista dos foragidos estão: Cláudio Maciel de Araújo, conhecido por “Zóio”; Maycon Espírito Santos Amaral, o “Poseidon”; Valdecir dos Santos, “Al Capone”; Tiago Pereira do Nascimento, “Mano Brawn”; Luiz Antônio Neto de Oliveira, “Muriçoca”; Elson Cerqueira dos Santos, “Azt ou Coquetel”; Eliana de Andrade Evaristo, “Negra li ou Diamante Negro”; Márcio Rogério Estevão dos Santos, “Cateto”; Jorge Aparecido dos Santos, "R11", Juliano de Lima Theotonio, "Foguinho"; e Fernando Anselmo dos Santos, "Gremista".

No total, há 55 pessoas investigadas por articular ataques contra policiais militares e agentes da Segurança Pública do Estado. Entre os envolvidos, estão 38 homens que já cumprem pena e foram remanejados do Presídio de Segurança Máxima para o presídio de Dourados e a unidade federal de Campo Grande.

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