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Cidades

PF cria canal para que vítimas denunciem quadrilha de golpistas

Polícia estima que pelo menos 25 mil pessoas em todos os estado brasileiros foram vítimas de golpistas

Guilherme Henri | 21/11/2017 14:46
Policiais federais e agentes da Receita Federal durante operação na Company Consultoria Empresarial (Foto: Guilherme Henri)
Policiais federais e agentes da Receita Federal durante operação na Company Consultoria Empresarial (Foto: Guilherme Henri)

A Polícia Federal disponibilizará um email para que as vítimas da quadrilha de golpistas alvo da Operação Ouro de Ofir possam entrar em contato e colaborar com as investigações. O canal ainda é criado e em breve deve ser divulgado pelo órgão.

Levantamento preliminar aponta que pelo menos 25 mil pessoas foram vítimas da quadrilha em todos os estados do país. A informação foi dada pelos delegados federais Cleo Mazzoti e Guilherme Guimarães Farias durante entrevista coletiva concedida à imprensa na manhã desta terça-feira (21).

Conforme o delegado Cleo Mazzotti, pelo email será disponibilizado uma espécie de cadastro que a vítima responderá e com isso a PF poderá estimar o montante que os golpistas movimentavam.

“É importante fresar que cuidaremos da parte criminal, ou seja, se a vítima se sentir lesada ela deverá procurar ações na área civil para tentar restituir os valores”, explica.

O problema, segundo Mazzotti é que até o momento foram poucas as vítimas que colaboraram com as investigações da polícia. “Era feito um trabalho neurolinguístico muito forte. A vítima era bombardeada por mensagens e promessas do tipo 'você merece esse dinheiro', 'você merece ser um milionário' e devido a isso, mesmo com a operação muitos acreditam que ainda receberão o que foi tão prometido então porque falar com a polícia?”, relata.

Preso, Celso de Araújo sendo levado para dentro da sede da PF na Capital (Foto: Marcos Ermínio)
Preso, Celso de Araújo sendo levado para dentro da sede da PF na Capital (Foto: Marcos Ermínio)
Delegados  Henry Tamashiro, Cleo Mazzotti e Guilherme Farias em coletiva (Foto: André Bittar)
Delegados Henry Tamashiro, Cleo Mazzotti e Guilherme Farias em coletiva (Foto: André Bittar)

Operação – Policiais federais junto com servidores da Receita foram às ruas de Campo Grande, Terenos, Goiânia (GO) e Brasília (DF) para cumprir 19 mandados – 11 de busca de apreensão, 4 de prisão temporária e 4 de condução coercitiva.

O nome da operação, Ouro de Ofir, é inspirado em uma cidade mitológica da qual seria proveniente um ouro de maior qualidade e beleza. Tal cidade nunca foi localizada e nem o metal precioso que seria de origem dele.

Em Mato Grosso do Sul, os golpes seriam aplicados principalmente pela Company Consultoria Empresarial, empresa que foi alvo de busca e apreensão nesta manhã. O dono Celso Éder Gonzaga de Araújo foi preso. Além dele, outras três pessoas são apontadas pela polícia como os "cabeças" da organização criminosa: Anderson Flores, Sidney Peró e que não teve o nome revelado por estar foragido.

Segundo a PF, os estelionatários vendiam a ideia da existência de uma mina de ouro que foi explorada há muito tempo, mas que os valores das comissões de revenda feitas ao exterior ainda estariam sendo repatriados (devolvidos ao Brasil).

O direito aos montantes poderiam ser cedidos e vendidos a terceiros, obviamente, mediantes adiantamentos em dinheiro. “Existe, inclusive, a esdrúxula figura de contrato de doação mediante pagamento”, detalhou a Polícia Federal.

Outra modalidade de golpe é a promessa de liberação de uma antiga LTN (Letra do Tesouro Nacional), ainda segundo a PF.

Para entrar nos negócios, as vítimas eram, portanto, induzidas a depositar quantias para ter o lucro, considerado pela PF desproporcional e inviável financeiramente. A cota mínima era de R$ 1 mil.

Para dar credibilidade às propostas, os golpistas falsificavam documentos de instituições públicas federais.

Até agora, a Operação Ouro de Ofir apreendeu mais de R$ 1 milhão em dinheiro, 200 kg em pedras preciosas, como rubis em estado bruto e armas.

A PF de outros Estados também tem investigações abertas para combater golpes semelhantes em outros Estados.

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