Quadrilha alvo de operação fez 25 mil vítimas em todo o país, estima PF
Taxa mínima para entrar no negócio de exploração de ouro era de R$ 1 mil; pessoas de todas as classes sociais investiram nos supostos títulos, segundo a PF
A rede de golpistas alvo da Operação Ouro de Ofir, da Polícia Federal em conjunto com a Receita, teria ao menos 25 mil vítimas em todos os Estados brasileiros. A informação foi dada pelos delegados federais Cleo Mazzoti e Guilherme Guimarães Farias durante entrevista coletiva cocedida à imprensa na manhã desta terça-feira (21).
Em Mato Grosso do Sul, os golpes seriam aplicados principalmente pela Company Consultoria Empresarial, empresa que foi alvo de busca e apreensão nesta manhã. O dono Celso Éder Gonzaga de Araújo foi preso.
“Todos os Estados têm vítimas. Parece-nos que atuação destes criminosos intensificaram muito nos últimos dois anos, acho que porque viram que dá certo”, comentou Guilherme Farias.
O delegado afirma que quando a investigação começou em Mato Grosso do Sul acreditava-se que de 5 a 10 mil pessoas teriam investido dinheiro nos supostos negócios relacionados a exploração de uma mina de outro. “Era uma ideia humilde”, comentou o delegado.
Cleo Mazzoti completou dizendo que as vítimas são das mais variadas classes sociais. “Não é uma investigação fácil, na verdade é muito complexa. O esquema é muito bem engendrado, pessoas de várias classes sociais investiram dinheiro nisso”.
Abuso da Fé – Os delegados afirmam que a investigação daqui para frente vai determinar quem agia de ma-fé. “É uma questão complicada porque mexe com a vontade da pessoa de melhorar de vida e o estelionatário vê isso. Ele diz ‘você merece’. Acaba sendo muito triste porque as pessoas investem todas as suas economias nisso”, destacou Mazzoti.
Questionado sobre como as pessoas acreditavam na possibilidade de lucro de até 1000%, o delegado falou em lavagem cerebral. “Quando a pessoa quer acreditar, isso entra num campo de fé quase, ela não enxerga mais os fatos”.
Esquema – Segundo a PF, os estelionatários vendiam a ideia da existência de uma mina de ouro que foi explorada há muito tempo, mas que os valores das comissões de revenda feitas ao exterior ainda estariam sendo repatriados (devolvidos ao Brasil).
O direito aos montantes poderiam ser cedidos e vendidos a terceiros, obviamente, mediantes adiantamentos em dinheiro. “Existe, inclusive, a esdrúxula figura de contrato de doação mediante pagamento”, detalhou a Polícia Federal.
Outra modalidade de golpe é a promessa de liberação de uma antiga LTN (Letra do Tesouro Nacional), ainda segundo a PF.
Para entrar nos negócios, as vítimas eram, portanto, induzidas a depositar quantias para ter o lucro, considerado pela PF desproporcional e inviável financeiramente. A cota mínima era de R$ 1 mil.
Para dar credibilidade às propostas, os golpistas falsificavam documentos de instituições públicas federais.
A PF de outros Estados também tem investigações abertas para combater golpes semelhantes em outros Estados.
Operação – Policiais federais junto com servidores da Receita foram às ruas de Campo Grande, Terenos, Goiânia (GO) e Brasília (DF) para cumprir 19 mandados – 11 de busca de apreensão, 4 de prisão temporária e 4 de condução coercitiva.
O nome da operação, Ouro de Ofir, é inspirado em uma cidade mitológica da qual seria proveniente um ouro de maior qualidade e beleza. Tal cidade nunca foi localizada e nem o metal precioso que seria de origem dele.