Plano de Beira-Mar para sequestro incluiu rotina do filho de Lula em 200 fotos
Revelado em 2008, o plano arquitetado pelo traficante Fernandinho Beira-Mar de dentro da cela do presídio federal de Campo Grande para sequestrar um dos filhos do então presidente Lula ia custar US$ 500 mil dólares e seria financiado por um pool de criminosos, incluindo o traficante colombiano Juan Carlos Abadia e José Carlos Girotti, preso pelo assalto ao Banco Central.
Todos cumpriam pena no presídio da Capital. Reportagem do jornal Folha de São Paulo revela que o plano já contava com 200 fotos de Luís Cláudio Lula da Silva, alvo da ação, e até o local de cativeiro, em Mairiporã (SP), além de um “infiltrado”.
Para a ação, setes fuzis AR-15 foram comprados. O plano foi por água abaixo ao ser delatado por Abadia, que buscava a extradição para os Estados Unidos. A denúncia originou a Operação X, da Polícia Federal, divulgada em agosto de 2008 pelo Campo Grande News.
Conforme a Folha de São Paulo, Abadia implodiu o plano porque queria que sua mulher fosse transferida de presídio em São Paulo. O traficante colombiano passou, inclusive, por um detector de mentiras. Em seguida, um policial federal se infiltrou no esquema fazendo-se passar por um representante do colombiano.
No dia 11 de julho de 2008, o policial conversou e gravou um diálogo com um emissário de fora do presídio a serviço de Beira-Mar.
Num dos diálogos entre o policial e o contato do traficante carioca há menção ao alvo do sequestro.
“Lá no Rio vão te levar até o braço direito dele, do Beira-Mar. E o convidado [o sequestrado] vai ser o preparador físico do Palmeiras [Luís Cláudio, então auxiliar de preparação física do clube de futebol]”, fala Leandro de Oliveira, contato de Beira-Mar.
O policial infiltrado também se encontrou com o advogado Vladimir Búlgaro, que defende o assaltante de banco José Reinaldo Girotti. O advogado chegou a ser preso durante a Operação X.
Relatório da PF do Rio de Janeiro, de 2008, aponta que a definição do alvo está embasada no "constrangimento a ser causado ao presidente da República diante da ciência de que a decisão pela libertação [dos presos] será política; e a facilidade de execução do plano fundada na qualidade/quantidade de segurança do alvo".
A liberdade do filho de Lula seria trocada pela de presos, como Marcos Hebas Camacho, o Marcola, chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Desde 2007 em Campo Grande, Beira-Mar foi transferido mês passado para o presídio federal de Cantanduvas, no Paraná.