Fogo em edifício, queda de prédio e esporte radical causaram pânico em 2011
RETROSPECTIVA
Incêndio em prédio mata duas pessoas e coloca moradores de outros edifícios em pânico; garoto de 10 anos cai do 13ª, mulher morre no Inferninho e paraquedista cai após problemas no pouso
Desde a madrugada chuvosa de domingo, dia 2 de outubro, o jovem Giovanni Dolabani Leite, de 24 anos, deixa saudades entre os familiares e amigos. A notícia da morte do publicitário, no primeiro momento, parecia um grande engano ou a maior piada de mau gosto de 2011.
Quem iria acreditar que o prédio onde morava, luxuoso e na área central de Campo Grande, poderia pegar fogo? Mas aconteceu e foi responsável por uma das maiores tragédias deste ano, na Capital: o incêndio no prédio Leonardo Da Vinci.
Giovanni morreu asfixiado na hora, antes mesmo de chegar a unidade de saúde. Mas o incêndio também deixou outras quatro vítimas: o casal de defensores públicos, Kátia da Silva Soares Barroso, de 37 anos, e José Soares Barroso, o filho deles, João Manoel, de 7 anos, e o servidor do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), Eudovando Barbosa Silveira.
Kátia ficou internada em estado grave, mas não resistiu e teve a morte cerebral decretada dois dias após a tragédia, sendo a segundo morte provocada pelo incêndio.
Apesar da morte trágica, os órgãos das duas vítimas continuaram vivos por meio da doação, autorizada pelas famílias.
A tragédia no alto não só chocou todos os campo-grandenses, mas acendeu o alerta das autoridades para os perigos que vem das alturas. A partir do incêndio, os bombeiros iniciaram treinamento contra incêndio em prédios de todo o Estado, com o objetivo de preparar os moradores para situações de perigo.
Como foi? - Na noite de sábado, Giovanni estava em um grupo de oração na casa de amigos e voltou para o apartamento cerca de 20 minutos antes da tragédia.
Ele tinha problemas de locomoção e morava com a mãe no 16° andar do prédio. O incêndio começou por volta das 2 horas no apartamento do 9° andar, mas a fumaça tomou conta de todo o prédio, inclusive, das escadas de emergência.
O desespero, segundo contaram os moradores, tomou conta de todos, que acordaram no meio da madrugada com o alarme de incêndio e, sem saber o que fazer, tentaram desesperadamente sair pelas escadas de emergência.
O jovem conseguiu descer as escadas junto com a mãe até o 5° andar, quando ela desmaiou por conta da fumaça e Giovanni entrou em desespero. Ele não conseguiu mais descer, inalou muita fumaça e desmaiou também.
As investigações da Polícia Civil ainda não foram encerradas e a previsão é de que ainda demorem pelo menos mais um mês. A perícia constatou que o forno do apartamento que começou a pegar fogo estava com o botão na posição de aceso e com uma panela dentro.
Agora, o delegado responsável pelo caso, Miguel Said, diz que irá ouvir mais depoimentos para concluir o inquérito e definir se alguém será indiciado por provocar o incêndio.
Pânico de fogo em edifício - Poucos dias após a tragédia do Da Vinci, princípios de incêndio em outros três edifícios da Capital deixaram os moradores em pânico.
Em todos os casos, o que mais assustou foi o barulho da sirene de emergência, que mesmo sem fogo e fumaça, lembrava das duas mortes do Da Vinci. Ninguém ficou ferido nos três edifícios.
O primeiro susto aconteceu um dia após a tragédia, no dia 3 de outubro. A moradora do 17º andar do edifício Marechal Mascarenhas de Moraes, na rua Dom Aquino, esqueceu uma panela de feijão no forno, que causou princípio de incêndio e fumaça.
No dia 10 de outubro, o susto foi provocado por um curto circuito na antena de TV de um dos apartamentos do residencial Água Clara, no bairro Taquarussu.
Um dia depois, 11 de outubro, o susto foi no edifício Metropolitan, localizado na rua São Paulo, a poucas quadras do Leonardo Da Vinci.
Foi detectado um vazamento de gás e princípio de incêndio no apartamento 202, do 2º andar. Os militares usaram cerca de 50 litros de água para apagar o fogo, que começou atrás do fogão.
Um dia antes os moradores do prédio tinham passado por treinamento para saber como lidar em situações de incêndio.
Desespero: menino cai de prédio - Sem fumaça ou aviso de sirene de emergência, outra tragédia no alto de um edifício para Campo Grande. Um menino de 10 anos cai do 13º andar do edifício Torre de Ibiza, na Via Park, na manhã do dia 4 de novembro.
O desespero da família e a comoção dos moradores do edifício ao se deparar com o corpo do menino caído foram algumas das cenas mais tristes de 2011.
Para a imprensa, foi uma das coberturas mais angustiantes. Os moradores colocavam panos brancos nas grades do prédio, enquanto os jornalistas acompanhavam o drama do lado de fora, esperando por alguma informação para cumprir seu papel de noticiar.
O menino caiu de uma altura de 40 metros, de uma janela que fica na área de serviço. A tela de proteção foi cortada e uma faca usada para fatiar pão foi encontrada próxima. A gaveta onde o utensílio ficava estava aberta.
No momento do acidente só estavam no apartamento o menino e a irmã, de 13 anos, que disse estar tomando banho na hora que o irmão caiu.
A família pediu segredo de Justiça para as investigações, que tentam descobrir se o menino se jogou ou foi empurrado por alguém. As imagens das câmeras do prédio devem ajudar.
Mas até o encerramento do inquérito, sem previsão de data, a imprensa não terá acesso as informações. E o ano de 2011 termina com a dúvida sobre a morte do garoto de 10 anos. O que aconteceu?
Inferninho - Longe dos prédios, as mortes durante a pratica de esportes radicais nas alturas também marcaram 2011. No dia 11 de dezembro, Rosilene Melo Rodrigues, de 41 anos, morreu após cair da cachoeira do Inferninho, em Campo Grande.
As informações até o momento são de que a mulher estava com um grupo de amigos e familiares, que foram até o local para praticar rapel.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o acidente aconteceu no momento em que a mulher tentava tirar uma fotografia da paisagem. Ela teria sofrido uma tontura, acabou se desequilibrando e despencou de uma altura de cerca de 30 metros.
O caso segue em investigação pela Polícia Civil.
Paraquedas - A outra vítima dos esportes foi o 2º sargento da Força Aérea, Rodrigo Mazza Ramos, de 33 anos. Ele morreu durante um salto de paraquedas por volta das 12h do dia 13 de agosto, no aeroporto Teruel, em Campo Grande.
As informações da Polícia Civil são de que o acidente foi provocado por problemas no pouso. A suspeita é que uma forte corrente de vento tenha feito o militar perder o controle do paraquedas, que bateu em uma cerca e o fez perder o controle.
O paraquedista bateu a cabeça no chão, teve traumatismo craniano e morreu na hora. Rodrigo era considerado um paraquedista experiente, com mais de 350 saltos.