ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, DOMINGO  22    CAMPO GRANDE 28º

Cidades

Salários de PMs presos em operação variam de R$ 1,9 mil a R$ 22,8 mil

Operação foi deflagrada na quarta-feira. Lista conta com 8 sargentos, 6 cabos, 4 soldados, e três oficiais, sendo dois tenentes coronéis e um major da ativa

Marta Ferreira, Anahi Zurutuza e Gabriel Neris | 18/05/2018 15:47
Operação movimentou a Corregedoria da Polícia Militar na quarta-feira (Foto: Saul Schramm)
Operação movimentou a Corregedoria da Polícia Militar na quarta-feira (Foto: Saul Schramm)

De soldado a tenente-coronel. De remuneração entre R$ 1,9 mil a R$ 22,8 mil. São duas formas de definir a amplitude da operação que levou para a cadeia policiais militares sob suspeita de dar guarida à chamada "Máfia do Cigarro", situação que, de tempos em tempos, vêm à tona na Corporação. A listagem dos nomes mostra que são 8 sargentos (um deles aposentado), 5 cabos, 5 soldados, e três oficiais, sendo dois tenentes coronéis e um major.

Somente os salários dos três oficiais envolvidos, juntos, chegam em cerca de R$ 65 mil. Conforme o Portal da Transparência do governo do Estado, entre os praças presos, o de maior remuneração é o 1º sargento da ativa Angelucio Recalde Paniagua, com R$ 9.054,37. Ele atuava em Guia Lopes da Laguna, no comando do grupamento local.

As remunerações dos sargentos Clayton de Azevedo e Jhondinei Aguilera, que era comandante de um grupamento no distrito de Boqueirão, em Jardim,  não constam no Portal da Transparência. Confira todas na lista abaixo.

Arte: Ricardo Oliveira
Arte: Ricardo Oliveira

A operação Oiketikus foi deflagrada na manhã de quarta-feira (16) em 14 municípios de Mato Grosso do Sul. A maioria estava localizada na rota do contrabando de cigarros. O nome da operação é em referência ao inseto conhecido como “bicho cigarreiro”.

Durante o dia, foram presos 20 policiais militares, três oficiais e 17 praças. O 21º envolvido se apresentou à noite. A força-tarefa do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) cumpriu 45 mandados de busca e apreensão, com apoio da Corregedoria da PM, para onde todos foram levados. 

Reflexos - Todos os presos estão no Presídio Militar, no Complexo Penitenciário do Jardim Noroeste. O governo tirou as funções de confiança dos oficiais. O tenente-coronel Luciano Espíndola da Silva, que era o comandante da 1ª Companhia de Bonito, além de ser dispensado da função de confiança, teve a transferência decretada para o Comando-Geral da PM. Em abril, o tenente-coronel recebeu R$ 25.373,35 de remuneração. O salário do oficial é R$ 22.851,93, mas ele recebeu também R$ 9.432,18 de “remunerações eventuais”.

Também perdeu o cargo de o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa. Ele comandava o 11º Batalhão de Jardim, também foi transferido para o Comando-Geral da PM e foi substituído pelo major Adriano Rodrigues de Oliveira, conforme publicado no Diário Oficial. O oficial tem salário de R$ 22.851,93, recebeu R$ 2.576,60 de “remunerações oficiais” e R$ 17.586,88 em abril.

Além de Epíndola e Cristaldo Barbosa, o major Oscar Leite Ribeiro também foi preso. Ele comandava 2ª Companhia em Bela Vista, mas foi substituído no início do ano. No dia 11 de abril, o major assumia “nova missão”, a de subcomandante do 4º BPM de Ponta Porã.

Em nota sobre o assunto, a Sejusp reiterou que, assim que os procedimentos administrativos forem concluídos, serão enviados ao MPMS, MPF (Ministério Público Federal) ou Auditoria Militar Estadual.

Episódio descoberto no dia 1º de dezembro do ano passado, envolvendo a cobrança de R$ 150 mil para liberar carga de cigarro contrabandeado avaliada em R$ 1 milhão, colocou sete militares do 10º Batalhão da PM de Campo Grande na mira da Corregedoria, que também está à frente da operação de hoje. O Campo Grande News foi o primeiro a divulgar o ocorrido.

Caminhão-baú com cigarro contrabandeado em rua do Jardim Tarumã, que acabou levando policiais à prisão em dezembro. (Foto: Arquivo Campo Grande News)
Caminhão-baú com cigarro contrabandeado em rua do Jardim Tarumã, que acabou levando policiais à prisão em dezembro. (Foto: Arquivo Campo Grande News)

Outro casos - No fim do ano passado, um outro grupo, de 7 policiais, foi preso por suspeita de envolvimento com a Máfia do Cigarro. No dia 22 de dezembro, o juiz da Auditoria Militar, Alexandre Antunes, recebeu a denúncia do Ministério Público contra o terceiro sargento Alex Duarte de Aguir, de 38 anos, os cabos Rafael Marques da Costa, de 28 anos, Eduardo Torres de Arruda, 37 anos, João Nilson Cavanha Vilalba, 40 anos, Felipe Fernandes Alves, 31 anos, e os soldados Lucas da Silva Moraes, 28 anos, e Walgnei Pereira Garcia, de 34 anos.

Baseada na investigação da Corregedoria, feita com apoio do Gaeco, ainda segundo apurou o Campo Grande News, a denúncia da promotora Renata Ruth Fernandes Goya Marinho indica que os policiais usaram uma viatura da corporação para sequestrar o motorista de um caminhão-baú carregado de cigarros vindo do Paraguai, por volta das 9h do dia 1º de dezembro, no Jardim Tarumã.

O motorista ficou em poder dos policiais até 19h40 daquele dia quando foi armado um flagrante, com a colaboração de um homem chamado Fábio Garcete, que já foi preso por contrabando de cigarros e denunciou a cobrança para liberar a carga.

Em abril deste ano, a Operação Homônimo, da PF (Polícia Federal) de Sorocaba e com mandados em Mato Grosso do Sul, prendeu Ednaldo Sebastião da Silva, apontado como um dos chefes de quadrilha de cigarreiros que atuam no Estado e em outras localidades.

Negócio milionário - Os policiais presos na operação desta semana atuam numa das principais rotas do contrabando de cigarro no Estado. Ilegal, o mercado movimenta vultosas quantias todos os anos. Dados da Receita Federal indicam que, só o que foi apreendido no ano passado em cigarro contrabandeado, na região de fronteira, vale que atuam na fronteira de MS com o Paraguai, o volume apreendido vale cerca de R$ 367 milhões. 

É um valor subestimado, como admite a própria receita, diante do tamanho desse mercado e da dificuldade de fiscalizar toda a fronteira.

Nos siga no Google Notícias