Vídeo mostra como Beira-Mar trocava bilhetes por baixo de porta na prisão
Vídeo mostra 'Fernandinho' e comparsa usando 'teresas' para trocar bilhetes em presídio de RO
Imagens de câmeras de segurança divulgadas nesta quarta-feira (24) mostram como era feita a troca de bilhetes entre o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e um comparsa, na Penitenciária Federal de Rondônia, em Porto Velho.
Durante a Operação Epístolas, deflagrada na manhã de hoje, a Polícia Federal apontou que Beira-mar, mesmo preso, chefiava negócios que chegaram a movimentar R$ 9 milhões,em vários estados do país, incluindo Mato Grosso do Sul, por meio de bilhetes que ele enviava para familiares e advogados.
As imagens do circuito interno de monitoramento da penitenciária mostram que a troca de bilhetes entre Beira-mar e outros custodiados era feita por meio de papéis amarrados em um objeto amarrado por uma espécie de corda improvisada com fibra de lençóis ou tecido, conhecido entre os presos como ‘teresa’.
Da cela onde estava para o comparsa em cela ao lado, Beira-Mar enviava os recados para a família. O preso, por sua vez, entregava o bilhete à própria esposa, em visitas íntimas.
A mulher repassava os bilhetes a familiares do traficante, que eram digitados e enviados por mensagens e emails a familiares do traficante.
Os bilhetes e materiais apreendidos foram encaminhados pelos Agentes Federais à Justiça Federal e ao Ministério Público Federal (MPF) para as providências necessárias.
Também nas imagens é possível perceber que já haviam sido instaladas proteções nas brises ou ventanas para dificultar a passagem das 'teresas'.
Transferência - Beira-Mar foi ouvido pela Polícia Federal, por volta das 11h, dentro do presídio em Rondônia. Nesta tarde, ele deve chegar em Brasília, onde ficará na sede da PF até ser definida a transferência para outro presídio federal.
Ainda não há nada confirmado, mas Beira-Mar pode ser levado para a Penitenciária Federal de Campo Grande, um dos quatro presídios federais do país, onde ele já ficou preso, de 2007 a 2010. Até o fechamento deste texto a transferência do traficante ainda não havia sido concluída, conforme informações do Ministério da Justiça.
Em condenações, o traficante acumula penas que somam quase 320 anos de prisão em crimes como tráfico de drogas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e homicídios.
Em 2015, o criminoso foi condenado a 120 anos de prisão apontado como responsável liderar uma guerra de facções, em 2002, dentro do presídio de segurança máxima Bangu 1, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, quando quatro rivais foram assassinados. Beira-Mar tem 15 condenações.
Operação 'Epístolas' - Por causa da ação, a Justiça Federal autorizou cumprir mandados de busca e apreensão dentro do presídio nesta quarta. A Polícia Federal cumpriu 35 mandados de prisão, 27 de condução coercitiva e 86 de busca e apreensão nos estados do Rio, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Ceará e no Distrito Federal nesta quarta-feira.
Segundo investigações, Fernandinho Beira-mar, estava enviando ordens do presídio federal de Porto Velho, em Rondônia, para advogados e integrantes de sua família em outros estados.
Dessa forma o traficante gerenciou, pelo menos durante o último ano e meio, a diversificação de seus negócios. Além do tráfico de drogas, o criminoso lucrou com a exploração de serviços como a venda de botijões de gás até um percentual nas máquinas de caça-níqueis instaladas em três comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.
Nesta quarta-feira, cinco filhos de Beira-mar foram presos, além de um homem considerado seu braço-direito no Ceará. A PF ainda prendeu Alessandra da Costa, irmã de Beira-Mar, que é apontada como sua conselheira e uma de suas advogadas. Outros dois advogados também foram presos.
Bilhete - Nas investigações, a PF descobriu que, para fazer o esquema funcionar, o criminoso contava com a colaboração de presos da penitenciária federal onde cumpre pena. Beira-mar repassava bilhetes o vizinho de cela que entregava para a mulher durante a visita íntima.
Os textos eram escritos em códigos pelo traficante. Os policiais descobriram que toda vez que Beira-Mar queria se referir a Brasília ele escrevia "Bolívia". Os doutores Lopes e Queiroz são apelidos, respectivamente, do filho Marcelo e do sobrinho David.
O primeiro bilhete foi transcrito pelos policiais federais, veja abaixo a mensagem:
“Segundo o Dr. Lopes me passou, esses telefones são criptografados e funcionam como se fossem uma central e que é impossível grampeá-lo, paguei US$ 3.000,00 (três mil dólares) em cada um. Eu não acredito que sejam 100% seguros. Vocês têm que tomar muito cuidado. Para que vocês possam ficar em perfeita sintonia, um ficará com os amigos que vão morar no Paraguai, outro com os que vão morar na Bolívia, outro com o Dr. Lopes, outro com o Dr. Queiros, que vai ficar responsável por levar esse aparelho ao Dr. Cury e a quem mais for preciso. Outro com o Dr. Jaime. Todas as mensagens que qualquer um desses aparelhos enviar ou receber chegará aos demais, com exceção do que vai ficar com os Drs. Jaime e Queirós. Dessa forma, tudo (...) 100 % transparente”.