Seja você o civilizado neste mundo radical
É chato conversar e conviver com alguém que tem um comportamento raivoso sempre que pensam diferente dele
Vivemos uma época de polarização das opiniões: se alguém pensa diferente, é discussão na certa. Existe o jeito que você pensa que deve ser/fazer tal coisa e o jeito errado de se ser/fazer tal coisa. Mas eu devo dizer que é muito chato, para não dizer insuportável, conversar e conviver com pessoas que tem opiniões radicais sobre os assuntos e não aceitam opiniões divergentes. É preciso ser civilizado para conviver com o diferente. E isso está sim relacionado com a imagem, porque envolve comportamento e comunicação.
O comportamento raivoso que estamos vendo nas redes sociais tem se alastrado para os relacionamentos interpessoais. “Se alguém pensa diferente, não quero nem conviver, não serve para mim”. Tenho visto pessoas que ficam iradas quando conversam com quem pensa diferente e que inclusive cortam relações. Mas você consegue imaginar como seria terrível vivermos em uma sociedade na qual todos pensam e agem da mesma maneira? Morreríamos de tédio e estaríamos fadados a não aprender nada, a não aprimorar nossas ideias. Eu já mudei de ideia sobre várias coisas, e essa é uma das graças da vida, estamos sempre em evolução.
Precisamos treinar nossas mentes para debater ideias e conseguir escutar a outra pessoa mesmo que ela pense de maneira completamente diferente, sem discussões ou falas exaltadas. Claro que existem questões que não estão relacionadas com opinião, como não gostar de outra etnia, ou pessoas de outras raças e credos (racismo, antissemitismo, xenofobia) ou questões que envolvem crimes como estupros, assassinatos, genocídios, etc. Estou aqui falando de opiniões políticas, de esportesu, de opiniões sobre quaisquer temas que obviamente existem opiniões contrárias. Nada e nem ninguém é unânime.
Eu entendo que existem opiniões que nos fazem ter vontade de gritar, porque vão muito de encontro ao que acreditamos, aos nossos valores, mas não custa nada ser civilizado e se reservar o direito de ver e escutar aquilo sem discutir, sem tentar mudar o que o outro pensa, sem tentar convencer o outro de que ele está “errado”.
É fundamental ter em mente e entender que as pessoas pensam de acordo com suas vivências, experiências, o círculo social no qual estão inseridas, seu nível educacional, e não existe só o preto e o branco, e sim uma infinidade de tonalidades de cinza entre os dois extremos. A liberdade de pensar e se comunicar foi conquistada com muita luta, e devemos lutar por este direito fundamental a todo custo.
Já dizia uma frase atribuída ao escritor e filósofo Voltaire: “Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”.
(*) Larissa Almeida é formada em Comunicação Social pela UFMS e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-RS. Trabalhou durante 14 anos na área de comunicação e imagem em importantes instituições como Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Campo Grande, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Senado Federal, além de ter coordenado a comunicação da Sanesul. Consultora de imagem formada pelo RML Academy e Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Especialista em Dress Code e comportamento profissional por Cláudia Matarazzo e RMJ Treinamento e Desenvolvimento Empresarial. Siga no Instagram @vistavoce_.
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