A agricultura orgânica rende a metade de proteínas
Se um país passasse à agricultura e à pecuária ecológica de um dia para o outro reduziria suas emissões de CO2 e demais gases de efeito estufa em 20%. Mas, a produção cairia pela metade. Assim, seus habitantes se submeteriam a uma drástica dieta ou importariam alimentos de outros países. Assim, de nada adiantaria o esforço ecologista pois o país produtor teria de aumentar suas emissões de gases que aquecem o planeta.
Estudo realizado na Grã Bretanha mostra essa verdade.
Esses são os resultados de um dos escassos estudos em escala nacional sobre uma possível transição completa ao 100% orgânico. Todavia, há especialistas que afirmam que essa conta pode ser melhor resolvida. Dizem que há como escapar desse dilema resolvendo o grave problema da comida desperdiçada que acaba no lixo.
O estudo, publicado na prestigiosa revista científica Natureza Communications, modelou os rendimentos dos 12 principais produtos agrícolas e de 6 da pecuária da Inglaterra e do País de Gales e das emissões que fazem. Os autores usaram estatísticas oficiais do governo britânico.
De 7 milhões de toneladas de trigo para 3,5.
Os resultados questionam a oportunidade dessa mudança. Usando a mesma terra, dos 7 milhões de toneladas de trigo que proporciona a agricultura convencional, passaria a 3,5 milhões de toneladas. A colheita de canola praticamente desapareceria da Grã Bretanha, passaria de meio milhão de toneladas a meras 46 mil. A produção de leite seria reduzida para um terço. A de carne de porco também quase sumiria. As batatas, cenouras e cebolas aumentariam seus rendimentos com sistemas orgânicos de produção. A produção de carne bovina e de cordeiro subiria ligeiramente. A produção de ovos seria reduzida para a quinta parte. A de carne de frango seria reduzida em 70%.
Aumentar a terra em 150%.
Ainda que os métodos de produção orgânica apresentem inegáveis benefícios, como a captura de carbono, menor exposição a pesticida e melhoria na biodiversidade, a pesquisa estima que para manter o consumo prévio à transição ao ecológico, a Grã Bretanha teria de aumentar suas terras em 150%. Mas, para os cientistas que realizaram esse estudo, ainda há uma esperança: nada menos de 30% da produção do campo da Grã Bretanha acaba no lixo.