A ameaça de carregar um cassino no bolso leva 80 milhões ao vício
Quando se pensa em jogos de azar a maioria das pessoas imagina um cassino tradicional como o de Las Vegas ou comprar um bilhete de loteria. Mas a industria do jogo já escalou, mudou muito além disso. Qualquer pessoa com um celular tem acesso ao que, essencialmente, é um cassino em seu bolso, as 24 horas do dia. O setor do jogo subiu no trem da revolução digital e esse mercado está em constante expansão. E começou a cristalizar graves ameaças à saúde.
80 milhões de viciados.
Uma comissão de cientistas de vários países acaba de publicar uma pesquisa na revista The Lancet onde descortina o impacto na saúde deste fenômeno: os investigadores estimam que em torno de 80 milhões de adultos no mundo sofrem com o vicio em jogos de azar. Tornou-se um problema de saúde pública, avisam.
Os danos são maiores do que sabíamos.
A expansão global desse mercado e a transformação digital levou os “cassinos de bolso” a 80% dos países do mundo. Segundo o estudo, quase a metade (48%) do adultos do planeta participaram em jogos de apostas no ultimo ano. O marketing e a tecnologia altamente sofisticados fazem com que seja mais fácil começar a jogar e mais difícil deixar de jogar. Muitos desses jogos utilizam mecanismos de desenho para fomentar a participação repetida e mais prolongada. A comissão diz que há necessidade de uma regulação mais restritiva para impedir os danos do jogo na saúde. As pessoas que jogam mais de quatro vezes ao mês tem um risco maior de viciar.
O transtorno mental.
O diagnostico desse transtorno mental é feito quando a pessoa admite pelo menos uma de cinco condutas de risco. Ter necessidade de apostar cada vez mais dinheiro para conseguir a excitação desejada, fazer esforços sem êxito para reduzir ou parar de jogar, mentir para ocultar o grau implicação nessas atividades, pensar continuamente em apostas e perder ou colocar em risco o trabalho ou as relações familiares, são os parâmetros a serem observados no possível viciado.
Quais as causas do vicio em jogos?
Há causas biológicas, diz a comissão. Os circuitos de recompensa no cérebro são agilizados para prover o viciado em dopamina. Também há causas psicológicas. A impulsividade e a baixa capacidade de autocontrole são os mais importantes nessa área. E ainda há os ambientais: a oferta excessiva, a disponibilidade e publicidade desses produtos, além dos antecedentes familiares de jogo são algumas das variáveis que comandam o vicio.
Para assustar!
Um estudo sueco mostrou algo assustador: as pessoas viciadas em jogos de azar tem taxa de mortalidade prematura de quase o dobro que a população em geral. E mais, um viciado leva seis pessoas da família, em media, a sofrerem por causa desse vicio. Outro dado sueco é que 37% dos viciados em jogo perpetraram violência física contra membros da família. Há o que fazer? O problema é de saúde pública, como tal não basta ser tratado individualmente. Os governantes devem construir politicas que impeçam o uso exagerado desses cassinos de bolso. Como sempre em saúde pública, é melhor e mais barato prevenir que remediar.