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Em Pauta

A China deixará de comprar a soja brasileira?

Mário Sérgio Lorenzetto | 07/04/2020 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Imagine que você tenha uma fábrica de tampa de caneta esferográfica. De todas as tampinhas  que produz, 80% são vendidas para a Bic, a maior fábrica de canetas esferográficas. Todas as demais "montadoras" de canetas são muito pequenas. Todavia, na tua fábrica de tampinhas há um grupamento de altos funcionários que estão constantemente afirmando publicamente que a grande fábrica de canetas não presta. O estresse do setor encarregado da venda de tampinhas em tua fábrica será permanente. A qualquer momento a grande "montadora" de tampinhas deixará de comprar tuas tampinhas. A única esperança permanece sendo o fato que você tem os melhores preços dentre os concorrentes. Essa é a situação em que nos metemos - ideologicamente - na venda da soja brasileira. Açoitamos tanto o comprador que já não sabemos o futuro que nos espera.


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A incerteza global.

Até agora exportamos em um ritmo normal. Todavia, se a epidemia no Brasil e os humores chineses piorarem, ninguém está seguro do que ocorrerá nos próximos meses. A estimativa é de que já vendemos 70 milhões de toneladas de soja, contra 74 milhões no mesmo período do ano passado. Quase 80% para a China. A redução é devida ao novo acordo entre a China e os Estados Unidos, que não só levaram equipamentos hospitalares direcionados para o nosso país, como reduziram as compras do grão brasileiro, ainda que em pequena escala.


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EUA faturarão mais 32 bilhões de dólares.

A produção de soja dos norte-americanos caiu 30% no ano passado. Redução gigantesca das compras chinesas e chuvas exageradas explicam queda tão drástica. Todavia, o novo acordo fechado entre os EUA e a China prevê incrementar em US$32 bilhões as compras de produtos agrícolas dos norte-americanos. Os EUA querem recuperar o terreno perdido depois do conflito comercial criado por Trump. Em 2019, Pequim importou tão somente 16,9 milhões de toneladas de soja dos EUA, a metade das compras de 2017. Nosso setor de vendas, bem administrado pelo Ministério da Agricultura, vem explorando a perspectiva de novos mercados como a Índia, Indonésia e Vietnã.


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Despreparados poderosos.

A verdade é que nos colocaram em uma arapuca. O setor ideológico do governo repete o que os norte-americanos mandam falar. Atacam a China. Criam crises totalmente desnecessárias, enquanto os EUA passam a recuperar as vendas para a China. Esses tais setores ideológicos não passam de despreparados com poder. Os coturnos militares deveriam ser chamados para chutá-los. Foram os militares brasileiros, depois da abertura dos portos chineses promovida por Kissinger, que criaram o próspero mercado Brasil-China. O preço está segurando as vendas, a moeda brasileira está depreciada mais de 24% frente à norte-americana.

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