A epopeia de uma mãe contra os piolhos dos filhos
Quando se trata de piolhos está claro que não se pode cantar a vitória final. Eles podem voltar. Eles chegam durante todo o ano, mas o calor favorece o contágio. Eu, por exemplo, conta a Sra. Marta, inspecionava constantemente a longa cabeleira de minha filha e nunca via nada. Até que em um mal dia experimentei o problema em minha própria pele, ou melhor, no meu couro cabeludo e no de minha filha. Todas com piolho.
Atenção na altura da nuca.
Começamos a nos coçar desesperadas, sobretudo por trás das orelhas, na altura da nuca. Esse é o ambiente quente que os piolhos necessitam para colocar os ovos. Acreditava que para confirmar o diagnóstico de "pediculose" - infestação de piolhos - tinha que ver algum vivo. E ali estava o maldito, surfando na cabeça de minha filha. Não havia dúvidas, me aproximei um pouco mais e constatei um autêntico festival de lêndeas - os ovos desse parasita. Ainda que preocupada, me lembrei que os piolhos não produzem mais que uma incômoda picada, que origina a coceira. Quando muito, alguma infecção bem leve, provocadas pelas possíveis feridas originárias da coceira.
Não tinha mais opção. Tinha de enfrentar esses irritantes animais em uma batalha com as armas de shampoos anti-piolhos, para matar as lêndeas, espumas, pentes especiais e loções.
Não espere a coceira, pode demorar até 6 semanas.
A verdade é que só vi um piolho. Os piolhos são difíceis de serem vistos por serem muito velozes e se escondem da luz. É mais fácil visualizar as lêndeas, que não podem se esconder. Cada piolho vive entre 20 e 30 dias. Cada um põe uma média de 7 a 10 ovos. Em torno de sete dias na cabeça de uma pessoa, os ovos se convertem em piolhos jovens. Daí a 10 dias esses jovens estarão prontos para colocar novos ovos.
As mães detetives de piolhos.
A comparação que fazem é correta: as lêndeas lembram a caspa. As fêmeas adultas aderem seus ovos ao cabelo com algo parecido a uma cola, uma substância resistente à água. E este é o primeiro cuidado: não adianta só lavar o cabelo com água, as lêndeas permanecerão grudadas. Os ovos não são todos iguais. Quando são cinzentos, significa que levam embriões e estarão situados mais próximos do couro cabeludo, a uns 3 milímetros de distância. Os ovos brancos são vazios, não levam embriões e estão mais distantes da raiz do cabelo. Essa diferença, para as mães detetives, pode lhes dar o tempo de infestação dos piolhos na cabeça dos filhos. A conta e fácil. Se um ovo colocado perto da raiz do cabelo tarda entre 8 e 10 dias para esvaziar (ficar branco) e o cabelo cresce uns 0,4 milímetros por dia, qualquer ovo que esteja a mais de um centímetro do couro cabeludo está desocupado faz tempo.
Minha filha ainda não estava coçando a cabeça, mas os piolhos estavam ali, incubando tranquilamente, no mínimo duas semanas (a coceira pode aparecer até 6 semanas depois da infestação). O trabalho ia ser duro.
Morrem se passam dois dias longe de uma pessoa.
Os piolhos só sobrevivem se chuparem sangue humano, é daí que vem a coceira. Os insetos nos mordem e sua saliva produz uma resposta imune local, que ocasiona a coceira ou a percepção de que algo se move em sua cabeça. E quanto mais coçar, maior será a coceira. Mas esses bichos não vivem mais do que 48 horas fora do corpo humano. A forma de contágio é de cabeça a cabeça, assim não há necessidade de desinfetar a casa. Mas é conveniente lavar toda a roupa que esteve em contato com a cabeça em água a sessenta graus Celsius. Assim, sem perder tempo, passei ao ataque.
Guerra aos piolhos!
Busquei uma boa lanterna e coloquei uma lupa na cabeça de minha filha. Comprei o melhor pente para lêndeas, um que têm as pontas de metal cilíndricas com a ponta arredondada. Os dentes estão muito juntos. Esse tipo é muito mais eficaz que os de plástico, ainda que bem mais caro. Mas o investimento merecia a pena. Esse é o melhor "canhão" contra piolhos que existe.
Primeiro observei os inimigos. Reconheci a diferença entre lêndeas, piolhos jovens (mais transparentes e difíceis de ver) e os adultos (por terem chupado sangue estão marrons ou enegrecidos). A diferença é importante para não perder nenhum inimigo importante. Só podia perder as lêndeas vazias. Na continuação, dividi o campo de guerra. Dividi o cabelo, previamente umedecidos, em secções. Essa divisão é importante para ver melhor o inimigo e bloquear as vias de escape. Também coloquei uma toalha nos ombros de minha filha. Com ela é possível ver melhor os parasitos que derrubaria com o pente. Durante todo o processo fui limpando o pente com um papel empapado em álcool. A alternativa é colocar o cabelo embaixo de água bem quente e passar o pente.
Tratamento farmacológico.
Logo a seguir, comecei o tratamento farmacológico. Essa pauta me preocupava pela quantidade de substâncias inseticidas que contém muitos produtos. Mas as permetrinas e malations são consideradas seguras porque são utilizadas por pouco tempo e de forma pontual. Mas há os a base de silicones hidrossolúveis que não são tóxicos. Eles atuam por oclusão ou asfixia e dessecação do piolho e não têm contra-indicações. Também é melhor usar loções em vez de shampoos. As loções aderem mais aos cabelos. Depois de aplicar a loção por todo o couro cabeludo, massageie bem, sem deixar um só espaço sem a loção e deixe repousar por uns vinte minutos, é bom a cabeça estar coberta com uma touca de plástico. Depois lave com o shampoo mata-piolho. Volte a passar o pente especial por toda a cabeça e deixe que seque ao ar livre. Deve repetir todo esse roteiro depois de uma semana. Lembre-se que é bastante comum a volta do piolho.
Os piolhos têm gostos bem definidos. Preferem cabelos lisos, porque lhes facilita a rapidez de movimento. Também preferem as meninas porque elas se abraçam mais - transferindo o piolho cabeça a cabeça - e por terem comumente mais cabelo, o que lhes dá mais pista para sua desenfreadas corridas. E para azar geral da nação, os piolhos preferem os cabelos limpos.
Resta ainda uma dúvida: vinagre mata piolho? Não mata, mas dissolve a cola que prende as lêndeas no cabelo, facilitando sua retirada.