A ideia de um ditador por pouco tempo se perpetuar no poder
Um dos papéis encontrado pela Polícia Federal diz que os generais Braga Neto e Mário Fernandes assumiriam o poder, impedindo o terceiro mandato de Lula, por um tempo suficiente para convocar novas eleições. É um artifício muito antigo para se perpetuarem no poder. Muito mais antigo que o Brasil governado por europeus. Surgiu em Roma. Um evento que pode ser comparado com a derrubada das Torres Gêmeas destruiu a democracia romana e criou essa falsa promessa.
Cereais e óleo de oliva.
Os romanos foram capazes de governar um imenso império ininterruptamente baseado na capacidade de arrecadar impostos. Raramente recebiam dinheiro ou metais, aspiravam por cereais e óleo de oliva. Assim proviam as rações de seu gigantesco exército e as multidões de pobres em suas cidades. Eram eficazes em criar novos campos de trigo em todos os territórios conquistados. Mais competentes ainda em transportá-los. Criaram uma gigantesca frota de navios de transporte, quase todos sediados no porto de Ostia, a cidade que administrava a alimentação de Roma.
Lá vem piratas!
O Império romano funcionava à perfeição até 68 anos antes de Cristo. Foi quando piratas atacaram Ostia, levando o Império a uma profunda crise. Grande parte da frota romana de transporte de grãos e de óleo de oliva foi destruída no ataque surpreendente. Saquearam Ostia e o que não conseguiram levar, queimaram. As reservas de cereal, armazenadas em enormes depósitos próximos a esse porto, que guardava a comida para milhares de romanos, ardeu em chamas. O ataque é comparado ao das Torres Gêmeas de N.York. O pânico se apoderou da população. O preço dos alimentos foi multiplicado em três dias. Reforçaram os poderes da polícia, do exército e dos serviços de inteligência. Até o ponto que desafiaram os limites do Estado Romano e o princípio da separação dos poderes. Tal como vem ocorrendo nos EUA. O ataque a Ostia levou a uma concentração de poderes que assentou as bases da destruição da democracia romana.
Três chefões.
Os piratas foram derrotados na Turquia. Mas, como os norte-americanos, os romanos não cessaram de persegui-los… até o ultimo homem. Antes desse ataque, Roma era administrada por um complexo princípio de repartição do poder, destinado a impedir o surgimento de uma ditadura ou o retorno do regime monárquico. Uma das piores coisas que podiam acusar a um político era que ambicionava ser rei. E foi fruto desse ataque que Roma passou a ser administrada por três generais: Pompeu Magno, Marco Craso e Julio César. De um Senado que governava, o Império passou a ser governado por três generais. A promessa era de que, passado um pequeno intervalo de tempo, convocariam eleições. O Estado perdeu o controle sobre o exército, era o exército que controlava o Estado.
Dois morreram, um permaneceu no poder.
Craso foi morto em um batalha contra os partos, aqueles que posteriormente seriam chamados de persas, em uma tentativa de submeter novas regiões ao Império. Sua cabeça foi levada até a uma peça teatral. Pompeu foi assassinado no Egito e também foi decapitado. César foi o único que conseguiu manter a cabeça sobre o corpo e foi quem governou Roma por cinco anos. Terminou seu tempo ditatorial assassinado por senadores. Nem sequer cogitaram convocar novas eleições enquanto viveram. Esse modelo de prometer eleições, e nunca convocá-las, foi perpetuado em toda a Europa. E trazido para o Brasil, onde continua sobrevivendo.
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