A morte de Jesus: um fato que pouco sabemos
A morte de Jesus na cruz, momento máximo da Semana Santa, é um dos acontecimentos mais importantes da história. Todavia, pouco sabemos sobre ele. Raríssimos estudiosos negam que o fundador do cristianismo fosse um personagem histórico, crucificado em Jerusalém. O resto se move em um enorme espaço em que conflui a fé, a história e o mistério.
Os últimos descobrimentos arqueológicos.
A arqueologia vem avançando e, em alguns casos, fortificando o que contam os Evangelhos. O descobrimento de uma tumba daquela época, do cadáver de um réu crucificado, que recebeu sepultura ao invés de deixá-lo ao ar livre, como era habitual, tornou plausível o enterro de Jesus e jogou por terra uma das maiores contestações à Bíblia. Uma inscrição, encontrada em Caesarea Marítima, uma antiga cidade palestina construída por Herodes O Grande, confirmou a existência de Poncio Pilatos como governador Romano na época de Cristo. Essa é outra forte contestação ao relato bíblico que desaparece. Muitos argumentavam a inexistência dessa figura central. .
Não sabemos quem matou Jesus.
Uma das poucas certezas que compartilham os historiadores é que a morte de Jesus aconteceu durante a Páscoa Judia (Pésaj). É a data em que comemoram a libertação da escravidão no Egito, uma das festas mais importantes do calendário hebreu. Como a Semana Santa Cristã, o Pésaj depende das fases lunares, do equinócio da primavera. Mas, passados tantos séculos, o debate continua acalorado: quem matou Jesus? Foram os judeus, a imensa maioria dos estudiosos continua a condená-los. Mas, após o Holocausto, uma das maiores infâmias perpetradas contra os judeus, uma corrente de estudiosos passou a condenar os romanos fortemente, como responsáveis pela morte de Jesus.
Quando Jesus morreu?
Essa é uma questão muito mal resolvida. Em torno do ano 28 depois de Cristo. Estranhou? Sim, a maioria dos estudiosos afirma que Jesus morreu 28 anos antes do que afirmam. Outros dizem que foi no 14 de Nksán, algo como no 3 de abril do ano que a igreja católica diz ter acontecido. Mas nem os Evangelhos se põem de acordo. Marcos, Lucas e Mateus falam de um dia e João de outro. A melhor datação foi feita, dizem inúmeros estudiosos, por autores não cristão: Tácito e Flavio Josefo contam melhor sobre essa data.
A história de Judas está incorreta?
O Horto de Getsêmani, a traição de Judas, a Ultima Ceia, a negação de Pedro, Poncio Pilates lavando as mãos: nenhum desses episódios estão confirmados pela história. O ultimo deles, a escolha de Pilates entre Barrabás e Jesus, não encontra defensores entre os melhores estudiosos. Todos são conformes em afirmar que essa é uma manipulação.
O fim da oração "pérfidos judeus".
Durante séculos, em todas as sextas feiras santas, havia uma oração obrigatória em que constava a frase "pérfidos judeus", uma evocação que passou a ser considerada antissemita. Em 1959, o Papa João XXIII, mandou removê-la. Iniciava, somente nesse século, o fim da cruel perseguição a esse povo, em nome de uma história cheia de dúvidas. E nenhuma certeza. Basta o conhecimento de que o Sanedrin, o tribunal judeu, tinha autoridade para determinar a morte de Jesus - e não o fez - para que tenhamos pelo menos dúvida de que foram os judeus os responsáveis pela crucificação de Jesus.